Após as prisões dos três acusados de mandarem matar a vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, o deputado federal Chiquinho Brazão (UB-RJ), seu irmão e conselheiro do TCE-RJ Domingos Brazão e o ex-delegado-geral da Polícia Civil fluminense Rivaldo Barbosa, ocorridas neste domingo (24), uma declaração do ex-governador do Rio Wilson Witzel, contextualizada e analisada sob a ótica das informações do inquérito agora divulgadas, voltou a ser repercutida nas redes sociais.
Alvo de um processo de impeachment relâmpago após ter caído em desgraça com o então presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem se dedicou e apoiou na campanha de 2018, na qual ambos saíram vitoriosos, Witzel declarou em 2021, já fora do cargo, que havia sido perseguido e massacrado por Bolsonaro por investigar a fundo o assassinato da vereadora do PSOL. O então governador foi quem afastou da chefia da Polícia Civil o delegado Rivaldo Barbosa, agora acusado de ser um dos mandantes do assassinato político.
“Tudo isso começou porque eu mandei investigar sem parcialidade o caso Marielle. Quando foram presos os dois executores da Marielle, o meu calvário e a perseguição contra mim foram inexoráveis”, afirmou Witzel na CPI da Covid, em junho de 2021.
De fato, foi ainda sob a gestão de Witzel que os nomes de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz surgiram como executores do crime, levando os dois para a cadeia. Apenas agora, anos depois, uma delação premiada do primeiro é que revelou finalmente os mandantes do duplo homicídio. O ex-governador, ao prestar depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito, lembrou também que após a descoberta da identidade dos dois executores, Bolsonaro correu para as redes sociais, ainda de madrugada nos Emirados Árabes Unidos, onde estava, para atacá-lo e desacreditar as investigações.
“Ver um presidente da República em uma live lá em Dubai acordar na madrugada para me atacar e dizer que eu estava manipulando a polícia do meu estado… Ou seja: quantos crimes de responsabilidade esse homem vai ter que cometer até que alguém pare ele?”, declarou na CPI, em 2021.
Neste domingo, após as detenções dos irmãos Brazão e do delegado Barbosa, Witzel voltou às redes para falar sobre o episódio em que afastou o policial da então direção da Polícia Civil e das represálias que sofreu por conta disso, aproveitando ainda para atacar a esquerda.
“Fui massacrado pela República quando determinei a prisão dos executores e sugeri delação. Fui massacrado pela esquerda após trocar o delegado por acreditar que era preciso fazer muito mais pra desvendar o caso. Sensação de dever cumprido, ainda que tenha custado meu mandato”, postou em seu perfil oficial o ex-governador.
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