Partidos de oposição, movimentos sociais e entidades representativas da sociedade articulam uma resposta ao presidente Jair Bolsonaro por ter compartilhado vídeos de apoio a uma manifestação contra o Congresso Nacional.
A estratégia é atuar em duas frentes. A primeira, nas ruas, inclui sindicatos e as frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, que reúnem centenas de entidades. Representantes destas frentes e das nove centrais sindicais brasileiras vão se reunir nesta quinta-feira, 27, na sede do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos (Dieese) para definir o calendário de manifestações. A ideia é aproveitar o dia nacional de paralisação dos professores, marcado para 18 de março, para fazer uma série de grandes atos de rua por todo o Brasil.
Nesta quarta-feira, 26, as centrais divulgaram uma nota dura na qual apontam a possibilidade de Bolsonaro ter cometido crime de responsabilidade e cobram providências do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à atitude do presidente.
"Com esse ato, mais uma vez, o presidente ignora a responsabilidade do cargo que ocupa pelo voto e age, deliberadamente, de má-fé, apostando em um golpe contra a democracia, a liberdade, a Constituição, a nação e as instituições (…) Precisamos ultrapassar essa fase de bate-bocas nas redes sociais e de manifestações oficiais de repúdio aos descalabros do presidente da República", diz a nota.
As centrais tomaram o cuidado de não usar a palavra impeachment. O tema ainda divide a oposição a Bolsonaro. Raimundo Bonfim, representante da Central de Movimentos Populares (CMP) disse que vai levar a proposta à reunião. Outras lideranças acham que ainda é cedo.
"É passada a hora de levantar a pauta do impeachment e do Fora Bolsonaro", disse Bonfim.
Antes do dia 18, os movimentos devem ir às ruas em apoio as manifestações marcadas para o Dia Mundial da Mulher, comemorado em 8 de março. As lideranças lembram que em 2018, antes da eleição, partiu delas o #EleNão, um dos maiores movimentos de rua em repúdio a Bolsonaro.
"Vamos reunir os movimentos sociais entre amanhã (quinta-feira) e sexta-feira e disso vai sair um dia de mobilização em resposta ao Bolsonaro", disse Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
Em outra frente a oposição tenta se articular com entidades representativas da sociedade que embora não tenham grande poder de mobilização podem dar peso simbólico e institucional aos atos contra o presidente.
Na segunda-feira, 2 de março, os cinco partidos de oposição a Bolsonaro no Congresso (PT, PSB, PDT, PC do B e PSOL) vão se reunir com representantes destas entidades em Brasília. Entre elas estão a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Organizadores esperam que estas entidades possam trazer para o movimento grupos, partidos e lideranças fora da esquerda mas que já se manifestaram contra a atitude de Bolsonaro como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
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