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Channah Peri (esq.), Daniele Aloni e sua filha Emilia e Adina Moshe (dir.) estão entre os reféns libertados pelo Hamas como parte do acordo com Israel (Foto: Hostages and Missing families forum)Channah Peri (esq.), Daniele Aloni e sua filha Emilia e Adina Moshe (dir.) estão entre os reféns libertados pelo Hamas como parte do acordo com Israel (Foto: Hostages and Missing families forum)

O governo de Israel confirmou à BBC que algumas pessoas que eram mantidas como reféns pelo Hamas foram libertadas na sexta-feira (24/11).

O Catar, que mediou o acordo entre Israel e o Hamas, afirma que 24 pessoas foram libertadas — 13 israelenses, 10 tailandeses e um filipino.

As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), confirmaram que os primeiros reféns já chegaram ao território israelense e seriam encaminhados a hospitais para avaliação das condições de saúde.

Os reféns passaram por uma avaliação médica inicial e estão sendo levados para hospitais em Israel para se reunirem com suas famílias.

“As IDF, juntamente com todo o sistema de segurança israelense, continuarão operando até que todos os reféns retornem para casa”, informou o comunicado oficial.

O governo de Israel divulgou o nome de 13 de seus cidadãos que foram libertados - todos são mulheres, várias delas idosas, e crianças:

Adina Moshe, de 72 anos;
Aviv Asher, de 2 anos;
Channah Peri, de 79 anos;
Daniele Aloni, de 45 anos;
Doron Katz Asher, de 34 anos;
Emilia Aloni, de 6 anos;
Hanna Katzir, de 76 anos;
Keren Munder, de 54 anos;
Margalit Mozes, de 77 anos;
Ohad Munder, de 9 anos;
Raz Asher, de 4 anos;
Ruth Munder, de 78 anos;
Yafa Adar, de 85 anos.

A Cruz Vermelha descreveu a operação como um trabalho de "vários dias" que incluirá a entrega de ajuda humanitária à Faixa de Gaza.

Como parte do acordo de trégua do conflito, além dos reféns, um total de 39 palestinos que estavam presos foram libertados por Israel. Entre eles, estão 24 mulheres e 15 adolescentes.

Eles foram soltos no posto de controle de Beitunia, perto de Ramallah (Cisjordânia), e foram recebidos por uma multidão com bandeiras e fogos de artifício em meio gritos de boas-vindas e de “Deus é grande”.

Considerados uma ameaça à segurança por Israel, eles foram recebidos como vítimas da ocupação de Israel no território palestino, e sua libertação é considerada simbólica.

O que prevê o acordo

O acordo entre Israel e o Hamas foi mediado pelo Catar e prevê um cessar-fogo temporário de quatro dias, que teve início às 7h hora local (2h de Brasília) de sexta-feira (24/11).

Ao todo, serão libertados 50 dos 240 civis que foram sequestrados em 7 de outubro durante o ataque do Hamas a Israel, episódio que terminou com a morte de 1,2 mil pessoas.

O acordo também envolve a libertação de 150 palestinos detidos em prisões israelenses e um aumento significativo da ajuda humanitária permitida em Gaza.

Pelo menos 60 caminhões de ajuda entraram em Gaza desde a pausa no conflito. Israel disse que oito dos caminhões estão trazendo combustível, parte dos 130 mil litros a serem entregues em cada dia da trégua.

Depois que o governo de coalizão de Israel assinou o acordo, na manhã de quarta-feira, o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse em comunicado que "pelo menos 50 reféns — mulheres e crianças — serão libertados em quatro dias, durante os quais será realizada uma pausa nos combates".

Também ofereceu ao Hamas um incentivo para libertar mais sequestrados, dizendo: "A libertação de cada 10 reféns adicionais resultará em um dia adicional de pausa".

Essa cláusula é importante para as famílias dos reféns, algumas das quais já haviam dito à BBC que não queriam um acordo parcial.

Os 50 reféns, que deverão ser libertados em quatro grupos, são cidadãos israelenses ou com dupla nacionalidade, e não estrangeiros.

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar disse a repórteres em Doha na tarde de quinta-feira (23/11) que o primeiro grupo de reféns a ser libertado na sexta-feira seria composto por 13 crianças e mulheres, algumas delas idosas.

"Reféns da mesma família serão reunidos no mesmo lote", observou Majid al-Ansari.

Um funcionário do alto escalão do governo americano disse na quarta-feira que pelo menos três cidadãos americanos — incluindo Avigail Idan, de três anos, uma israelense com dupla nacionalidade cujos pais foram mortos no kibutz Kfar Aza — estariam entre os 50 reféns.

Já um funcionário do alto escalão do governo israelense disse na tarde de terça-feira que o Hamas também poderia libertar unilateralmente os 26 cidadãos tailandeses que se acreditava estarem entre os reféns.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) foi designado para receber os reféns em Gaza, da mesma forma quando o Hamas libertou quatro mulheres — duas israelenses e duas com dupla cidadania de Israel e dos EUA — no mês passado.

Na noite de quarta-feira, Netanyahu citou o acordo dizendo que o CICV também "poderia visitar o restante dos reféns e dar-lhes os medicamentos necessários”". No entanto, Ansari, do Catar, não revelou se era esse o caso.

As forças israelenses que operam dentro de Gaza também resgataram uma soldada e recuperaram os corpos de outras duas mulheres reféns — uma soldada e uma civil.

O governo israelense disse que iria "continuar a guerra para devolver todos os reféns para casa, completar a eliminação do Hamas e garantir que não haverá nova ameaça ao Estado de Israel vinda de Gaza".

Acordo permitirá a moradores de Gaza passagem segura das áreas do norte, como campo de refugiados de Jabalia, para o sul

O que acontecerá em Gaza durante a pausa?

Uma declaração mais longa do Hamas, emitida na manhã de quarta-feira, deu mais detalhes sobre o que se esperava da "hudna", ou trégua temporária.

O grupo palestino afirmou que todas as atividades de drones e aeronaves israelenses deveriam parar por quatro dias no sul de Gaza.

Mas no norte — que tem sido o principal alvo das operações israelenses para desmantelar o Hamas —, o mesmo só acontecerá entre as 10h e as 16h, hora local (5h-11h de Brasília), todos os dias.

Espera-se que as tropas e tanques israelenses permaneçam nas suas posições dentro de Gaza durante a pausa de quatro dias, mas o comunicado do Hamas afirma que as forças de Israel não atacarão nem prenderão ninguém.

Ansari disse que haveria "um cessar-fogo abrangente" no norte e no sul, enquanto o negociador-chefe do Catar, o chanceler Mohammed al-Khulaifi, disse à agência de notícias Reuters que não haveria "qualquer ataque, nenhum movimento militar, nenhuma expansão, nada".

O acordo permitirá às pessoas em Gaza uma passagem segura das áreas do norte, como o campo de refugiados de Jabalia, para o sul.

Para os palestinos em Gaza, 1,7 milhão dos quais fugiram das suas casas, segundo a ONU, uma trégua nos combates sangrentos pode não ser o bastante.

Entende-se que o aumento no abastecimento de combustível — desesperadamente necessário para geradores hospitalares, dessalinização de água e instalações de esgotos — só durará enquanto durar a pausa.

Após o ataque do Hamas, Israel cortou, em retaliação, a eletricidade e a maior parte da água que chegava ao território palestino, além de interromper o fornecimento de alimentos, combustível e outros bens.

Desde então, o governo israelense permitiu a entrada de 1.399 caminhões de abastecimento humanitário através do Egito entre 21 de outubro e 21 de novembro, em comparação com uma média mensal de 10 mil antes da guerra, segundo a ONU.

Também bloqueou todas as entregas de combustível até a semana passada, dizendo que o suprimento poderia ser roubado pelo Hamas e usado para fins militares.

E embora o acordo permita às pessoas em Gaza uma passagem segura de norte a sul, não permitirá que centenas de milhares de pessoas deslocadas do norte voltem às suas casas.

Segundo Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, mais de 14 mil pessoas foram mortas desde que Israel iniciou ofensiva no território palestino

Quem são os reféns

Ainda há poucas informações sobre os reféns libertados além de seus nomes e idades, porém alguns detalhes já foram confirmados.

Uma das mulheres libertada é Channah Peri, de 79 anos, que foi sequestrada de sua casa junto com o filho Nadav, que permanece como refém.

O outro filho de Channah, Roi, de 54 anos, foi morto nos ataques de 7 de outubro.

Também foram libertadas Daniele Aloni e sua filha Emilia, de 6 anos. Elas foram sequestradas em 7 de outubro quando visitavam sua família em um kibutz.

Durante os ataques, a última mensagem que Daniele enviou à família dizia que “havia terroristas na casa” e que temia não sobreviver.

Margalit Moses, de 78 anos, também havia sido sequestrada em um kibutz, assim como Adina Moshe, de 72 anos.

Seu marido, Sa'id Moshe, foi morto nos ataques. Ela havia sido identificada por sua família em um vídeo que a mostra presa entre dois combatentes do Hamas em uma motocicleta. Ela tem quatro filhos: Maya, Yael, Sasson e Amos.

“Ela poderá voltar a ajudar na criação dos netos que vivem no kibutz e voltar aos seus hobbies: cozinhar, cultivar plantas e ler livros”, afirmou o Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas.

Quem são os prisioneiros palestinos?


O Hamas disse que o acordo também permitiria a libertação de 150 prisioneiros palestinos — todos mulheres e crianças — por Israel.

As identidades dos libertados não foram divulgadas ainda.

A declaração do governo israelense não mencionou isso, mas na manhã de quarta-feira o seu Ministério da Justiça publicou uma lista em hebraico dos nomes de 300 prisioneiros elegíveis para libertação como parte do acordo — com base na possibilidade de o Hamas concordar em libertar mais 50 reféns.

A lista inclui 123 meninos com idades entre 14 e 17 anos, uma menina de 15 anos, 144 homens de 18 anos e 32 mulheres com idades entre 18 e 59 anos — a maioria está detida sob custódia enquanto aguarda julgamento por acusações que vão desde lançamento de pedras até tentativa de homicídio.

A razão pela qual a lista teve que ser publicada foi uma formalidade legal em Israel. Antes de qualquer libertação de prisioneiros, os cidadãos israelenses devem ter 24 horas para interpor recurso junto do Supremo Tribunal do país.

Ansari disse que o Catar não poderia divulgar quaisquer detalhes sobre os prisioneiros palestinos ou quantos seriam libertados no primeiro dia. Mas indicou que as libertações aconteceriam ao mesmo tempo que as dos reféns em Gaza.

Israel mantém atualmente cerca de 7 mil palestinos acusados ou condenados por crimes de segurança, segundo grupos de direitos humanos israelenses e palestinos. Acredita-se que quase 3 mil palestinos foram detidos na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém Oriental, onde a violência também aumentou desde 7 de outubro.

A declaração do Hamas termina dizendo que o acordo visava "servir o nosso povo e fortalecer a sua firmeza face à agressão".

Também alertou: "Nossos dedos permanecem no gatilho e nossos combatentes vitoriosos permanecerão atentos para defender nosso povo e derrotar a ocupação".

Como o acordo será monitorado?

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar disse que uma sala de operações em Doha manteria linhas de comunicação em tempo real com Israel, o escritório político do Hamas e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, para que qualquer possível violação seja "comunicada imediatamente a ambos os lados e haja uma maneira de voltar atrás".

O mais importante é "garantir que o ambiente em que acontecerá a transferência de reféns seja seguro", acrescentou.

Ansari disse que o Catar espera estender a trégua temporária para além dos quatro dias iniciais, garantindo a libertação de mais reféns. Ele também expressou esperança de que o cessar-fogo temporário serviria como um "teste para novas medidas de desescalada... e uma trégua mais sustentável em Gaza".

Um dos palestinos libertados é carregado nos ombros de um homem, envolto em uma bandeira (Foto: Reuters)Um dos palestinos libertados é carregado nos ombros de um homem, envolto em uma bandeira (Foto: Reuters)

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