Juiz aceitou duas denúncias contra o publicitário que fez campanhas do PT
O juiz Sergio Moro, que conduz a Operação Lava Jato na primeira instância em Curitiba, aceitou nesta sexta-feira, (29), duas denúncias oferecidas pelo Ministério Público Federal contra o ex-marqueteiro do PT João Santana e a sua mulher, Monica Moura. Também são alvos das ações penais o ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que já foram condenados em outros processos do petrolão, e outras treze pessoas, entre elas ex-funcionários da Odebrecht, dirigentes da Petrobras e lobistas. Eles responderão por corrupção e lavagem de dinheiro.
As ações são fruto das apurações da 23ª e 26ª etapas da Lava Jato. A primeira levantou informações de que o marqueteiro das campanhas de Dilma e Lula teria recebido 4,5 milhões de dólares, no exterior, do lobista e representante do estaleiro Keppel Fels, Zwi Skornicki, que também virou réu. Segundo a denúncia, o valor seria parte da propina reservada ao PT. Já a segunda denúncia tem como base o chamado "departamento de propina", uma estrutura sofisticada criada pela Odebrecht para cuidar do pagamento dos negócios ilícitos da holding. Offshores ligadas a empreiteira teriam repassado 3 milhões de dólares a contas do publicitário.
Na denúncia, João Santana é apresentado como "conselheiro" da alta cúpula do PT. Segundo os procuradores, além de coordenar as campanhas publiciárias do partido, ele era o "intermediário de contatos" com lideranças petistas, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff. "Como retribuição, João Vaccari determinava que os operadores e representantes dos estaleiros efetuassem transferências de valores em favor de Monica Moura e João Santana, quantia esta que era posteriormente deduzida do saldo devedor de propina ao Partido dos Trabalhadores, prometida pelos estaleiros e solicitada por Renanto Duque em razão da contratação obtida com a Petrobras", diz o texto da acusação.
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Monica Moura trabalhava como sócio de João Santana. Foi ela quem teria passado dados das contas que o casal mantinha no exterior para o depósito dos recursos ilícitos. A procuradoria alega que os dois tinham plena consciência da origem do dinheiro e das atividades ilícitas praticadas pelo PT, "uma vez que estas eram fundamentais para que fosse estruturado o projeto de manutenção no poder do partido", diz a denúncia.
Confira a lista dos réus:
Ação Penal 1:
1) Eduardo Costa Vaz Musa;
2) João Carlos de Medeiros Ferraz;
3) João Cerqueira de Santana Filho;
4) João Vaccari Neto;
5) Mônica Regina Cunha Moura;
6) Renato de Souza Duque;
7) Pedro José Barusco Filho; e
8) Zwi Skornicki.
Ação Penal 2:
1) Ângela Palmeira Ferreira;
2) Fernando Migliacci da Silva;
3) Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho;
4) Isaías Ubiraci Chaves Santos;
5) João Cerqueira de Santana Filho;
6) João Vaccari Neto;
7) Luiz Eduardo da Rocha Soares;
8) Marcelo Bahia Odebrecht;
9) Marcelo Rodrigues;
10) Maria Lúcia Guimarães Tavares;
11) Monica Reginha Cunha Moura;
12) Olívio Rodrigues Júnior.
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