Bolsonarista ficou cara a cara com o ministro de Direitos Humanos após virar alvo da AGU por propagar a mentira. "Deputado, minha intenção não é descredibilizar o senhor porque parece que o senhor não tem nenhuma credibilidade"
O Ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, que é professor de Direito, deu uma aula ao deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) no primeiro encontro entre os dois após o parlamentar propagar fake news sobre a "obrigatoriedade de banheiros unissex" em escolas públicas.
Durante depoimento na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara nesta quarta-feira (26), afirmou que a mentira propagada por Ferreira "demonstra que estamos mergulhados num mar de mentiras sistemáticas, do uso de funções públicas para espalhar o ódio contra minorias que já sofrem ódio".
Ao debater com o deputado bolsonarista, Almeida afirmou que Nikolas "se coloca como um garoto, mas que é um homem que sabe muito bem o que se faz" e comentou dos equívocos do parlamentar, que é formado em Direito, em interpretar uma resolução do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, órgão autônomo em suas decisões, para criar a mentira sobre os "banheiros unissex".
"Chamá-lo de menino, moleque, apenas ajuda o senhor nessa postura que parece ser de um garoto, mas na verdade é de um homem que deve arcar com o que faz. Eu entendo que o senhor deve estar um pouco assustado por conta dos processos que já vem respondendo por transfobia e uma série de acusações", disse Almeida.
"Eu não tenho problema nenhum. O senhor disse aqui que vai tomar providências em relação a isso (ação do ministério contra a fake news), nós temos, então, um encontro marcado nos tribunais e a Justiça brasileira vai mostrar quem tem razão", disse Almeida.
Na sequência, o ministro afirmou que viu que Nikolas é formado em Direito.
"Eu sou professor de Direito há muitos anos e custo a acreditar porque poucas vezes eu ouvi tantas coisas absurdas, tantas coisas erradas sobre Direito Administrativo [...]. Primeiro a pessoa afirma que decisões de um Conselho podem ter forma normativa. Isso é errado em tantos níveis, é tão absurdo, que não faz o menor sentido", disse Almeida.
"O que acho estranho nessa coisa é que: não era para o Conselho existir? Não era para ter Conselho? Até porque o texto dessa resolução que retiraram do Conselho é um texto que é reproduzido de uma resolução de 2015, que atravessou o governo que o senhor apoia. Eu não entendo porque então se criou essa fantasia delirante, que os senhores chamam de 'banheiro unissex' se existe uma resolução de 2015", emendou.
Ao final, Nikolas retormou a palavra e sem argumentos disse que "não adianta tentar me descredibilizar... isso não cola" e foi humilhado pelo ministro.
"Deputado, minha intenção não é descredibilizar o senhor porque parece que o senhor não tem nenhuma credibilidade".
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