Demissões e fechamento das empresas são usados para coagir trabalhadores a votar em Bolsonaro
Empresas estão ameaçando funcionários de demissão e até mesmo encerramento das atividades em caso de vitória do ex-presidente Lula no segundo turno das eleições. As denúncias foram reveladas em reportagem da revista Piauí e são alvo de investigação do Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Defensoria Pública da União (DPU).
A campanha eleitoral intensificou as denúncias de ameaças a fornecedores e empregados com fechamento de postos de trabalho e redução de investimentos em caso d vitória de Lula. Nos últimos dois dias, três casos se somaram a uma série de denúncias do mesmo teor recebidas nos últimos meses.
A DPU apura duas denúncias recebidas nesta terça-feira, 4. Uma delas diz respeito a uma carta enviada pela Stara, empresa que vende máquinas e implementos agrícolas, aos seus fornecedores. O documento, assinado pelo diretor administrativo financeiro da empresa, Fabio Augusto Bocasanta, diz que, “em se mantendo este mesmo resultado [vitória de Lula] no 2º turno, a empresa deverá reduzir sua base orçamentária para o próximo ano em pelo menos 30%”. A Stara é sediada em Não-Me-Toque, cidade do interior gaúcho.
O segundo caso é da Extrusor, empresa de Novo Hamburgo (RS) que comercializa máquinas e peças para a indústria do plástico. Uma carta em nome da empresa enviada aos fornecedores nesta terça-feira, 4, afirma que, com Lula eleito, ela passará a funcionar apenas de forma virtual, cortando contratos. A Defensoria Pública da União (DPU) no Rio Grande do Sul está analisando as medidas cabíveis.
Outro caso de coação de funcionários foi identificado em São Miguel do Guamá, a 140 km de Belém, no Pará, e chegou ao conhecimento das autoridades. Na manhã desta terça-feira, 4, começou a circular na internet um vídeo de trabalhadores de uma empresa de cerâmicas sendo coagidos pelo patrão. Um empresário diz que, se Lula for eleito, suas três empresas irão fechar. “Eu sei que aqui nem todo mundo é Lula, mas nós tem que se unir para que ele não ganhe [sic]”, diz o patrão aos trabalhadores, que ouvem em silêncio. Ele ainda oferece 200 reais para cada funcionário se Bolsonaro vencer a eleição.
Responsável pela Coordenadoria de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho do MPT, a procuradora Adriane Reis afirmou que desde agosto denúncias desse tipo têm chegado ao órgão e estão sob investigação.
“Constituem assédio moral e ofendem a liberdade de orientação política. Entendemos que há assédio eleitoral, que é uma espécie de assédio moral”, afirmou. A maioria das denúncias, segundo ela, está na mesma linha das cartas que circularam nos últimos dias.
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