Quando se trata de defender políticas do gênero ou as agressões cotidianas, elas deixam as diferenças de lado e viram uma só voz
As 10 mulheres deputadas estaduais hoje na Bahia são de esquerda, centro e direita, mas quando se trata de defender políticas do gênero ou as agressões cotidianas contra elas, deixam todas as diferenças de lado e viram uma só voz.
A indignação com o caso do médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, filmado estuprando uma paciente na sala de parto, chocou o país pelo acúmulo de estupidez num mesmo ato.
Elas evocam dados tenebrosos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. No Brasil, ano passado 56 mil e 98 mulheres foram estupradas, algo espantoso, um estupro a cada 10 minutos. O número de feminicídios também é aterrorizante: 1.319 no ano passado, um a cada sete horas.
Machismo — Se o cenário é esse, por que as mulheres, tão estimuladas que são, não participam mais da política, a fim de virar o jogo em que elas só perdem? A deputada Ivana Bastos (PSD) é curta e certeira:
Vivemos num país ma- chista. E ainda teremos longa estrada até superar isso.
Olívia Santana (PCdoB) vai na mesma pegada:
As mulheres sempre foram, secularmente, relegadas a segundo plano. Só tiveram direito a voto no Brasil a partir de 1932. Há enorme descompasso também com os partidos, que só priorizam os homens.
Jusmari Oliveira, que junto com o marido é produtora de soja no oeste da Bahia, ela que já foi prefeita de Barreiras, diz que a discriminação é visível, embora faça uma ressalva com o agronegócio.
O Agro está saindo disso. Vemos muitas mulheres administrando fazendas, mas não passa daí. No conjunto, a discriminação é total. Eu, como prefeita de Barreiras, sofri horrores só por ser mulher.
Sexismo — Ana Vitória, 23 anos, advogada, vereadora em São Felipe, no Recôncavo, apesar da pouca idade fala do assunto como conhecedora.
Antigamente a moça que estudava era vadia, mocinha mal afamada. Passava-se a ideia de que a mulher é para criar filhos e tratar o marido como se fosse uma mãe, sem falar que só nos olham com o olhar sexista
O detalhe é que as mulheres que estão na política têm uma consciência tão marcante que das 10 deputadas estaduais hoje na Bahia , três são do PT de Lula, uma, Talita Oliveira, do PL de Bolsonaro. Mas quando o assunto é mulher, elas jogam as diferenças de lado e o discurso é único.
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