Na explosão da comemoração de um gol marcado, no canto das torcidas e na felicidade do título. Tudo nesta quarta-feira (7), na final da Copa do Brasil entre Grêmio e Atlético Mineiro, em Porto Alegre, parece ser uma gafe diante da dor que ainda machuca o peito de muitos brasileiros pelo acidente aéreo que matou 71 pessoas, entre elas membros da delegação da Chapecoense.
Porém, o futebol não é apenas um esporte. É um estilo de vida. A partir das 20h45, em Porto Alegre, a bola precisa ganhar vida em meio ao caos, consolar os brasileiros e, quem sabe, recitar Clarice Lispector: “Chego a chorar, manso de tristeza. Depois levanto e de novo recomeço”.
Grêmio e Atlético-MG fazem o primeiro jogo de cunho nacional após a tragédia. A Arena Grêmio terá homenagens à Chapecoense e no futebol a expectativa é grande pelo título. Na partida de ida, em Minas, os gaúchos venceram os mineiros por 3x1. Gol fora de casa não é critério de desempate na final, mas vantagem de dois gols poderia deixar o Grêmio mais tranquilo, correto? Para o técnico tricolor Renato Gaúcho, o título ainda não tem dono.
Segundo Renato, é preciso respeitar muito o Atlético Mineiro e segurar a ansiedade. “Quem não quer ser campeão? Muitos do meu grupo nunca foram campeões. Eu passo isso para eles, é muito bom dar uma volta olímpica. É bom profissionalmente em termos de contrato, entram para história do clube, não há dinheiro que pague isso. A história estará lá e serão lembrados como heróis. Isso já é o suficiente”, afirmou.
O Grêmio vai além da preocupação dentro das quatro linhas. Alguns atletas do time gaúcho pediram para que sua torcida não leve caixões de papelão para as arquibancadas, em alusão ao possível rebaixamento do Inter. “Única forma é dizer que a gente vai estar ali, sendo profissionais, como vocês estão sendo. Mesmo com a perda de amigos de vocês (imprensa), amigos nossos, temos que trabalhar. É nosso ganha-pão. Eu peço respeito dos torcedores para que não tragam nenhum tipo de caixão, de repente para tirar onda do nosso adversário. Não vai ser bem-vindo neste momento”, disse o lateral Edílson.
Mesmo com a desvantagem no jogo de volta, o Atlético Mineiro foi recebido com festa no embarque para Porto Alegre. A esperança ainda vive na torcida e nos atletas. “É uma vantagem difícil, mas temos que vencer jogando bom futebol. Tivemos vários jogos em que fizemos dois gols rápidos. Vamos tentar nos posicionar melhor e ficar com a bola”, contou Robinho, antes do embarque para a capital gaúcha. Mesmo suspenso, o atacante Fred viajou com a delegação, mas como torcedor.
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