Um estudo do Sindifisco Nacional (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal), divulgado ontem, mostrou que os contribuintes estão pagando mais Imposto de Renda (IR) do que deveriam. Segundo o órgão, a defasagem na tabela do IR chegou a 72,2% em 2015.
De acordo com o sindicato, com a alta da inflação, que chegou a 10,67% no ano passado, a defasagem alcançou 72,% em 20 anos. No período, que vai de 1996 a 2015, a inflação foi de 260,9%, enquanto que a correção realizada pelo governo ficou em 109,6%, segundo o Sindifisco.
Apenas em 2015, enquanto a inflação chegou à casa dos dois dígitos, a correção na tabela do imposto ficou em 5,6%. “As classes assalariadas de menor renda é que estão sendo as maiores prejudicadas. Com a volta da inflação ao patamar dos dois dígitos, é mais um peso imenso sobre a sociedade”, afirmou em nota Cláudio Damasceno, presidente do Sindifisco Nacional.
O estudo mostrou ainda que uma pessoa com uma renda mensal de R$ 4 mil paga atualmente R$ 263,87 de IR. Caso a defasagem na tabela fosse solucionada, o mesmo contribuinte pagaria R$ 57,15. Até 2014, a discrepância na tabela do Imposto de Renda era de 64,3%.
O avanço em 2015 foi o maior em um ano nos últimos dez anos, o que representa uma carga tributária maior para os brasileiros, mesmo sem as alíquotas terem sido elevadas. Isso ocorre porque, entre 1996 e 2015, a inflação (260,9%) foi muito superior à correção realizada pelo governo nas faixas de cobrança do IR (109,6%).
No período, só cinco reajustes da tabela superaram o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O descompasso afeta sobretudo os mais pobres, já que vai trazendo pessoas com salários cada vez menores para dentro da base de contribuição, de acordo com cálculos do Sindifisco.
Segundo a consultoria EY (antiga Ernst & Young), a isenção do tributo beneficiava quem recebia até oito salários mínimos em 1996. Atualmente, quem recebe mais de 2,41 salários mínimos já está sujeito à cobrança do imposto, indica a consultoria.
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