No dia 28 de setembro, Camaçari completa 266 anos de emancipação política. Para marcar a data, a prefeitura realizou neste domingo (22), em Vila de Abrantes, o tradicional desfile cívico, que dá início aos festejos pelo aniversário da cidade. A escolha de Vila de Abrantes como local para a abertura das celebrações não é por acaso: a localidade possui uma rica história que se entrelaça com a formação de Camaçari e a Bahia.
Ricamente detalhada nos livros da historiadora e professora de Camaçari, Sandra Parente, a história política de Vila de Abrantes remonta a 1558, quando os jesuítas João Gonçalves e Antônio Rodrigues fundaram a Aldeia do Divino Espírito Santo, às margens do Rio Joanes. Este espaço foi criado com o intuito de catequizar os índios Tupinambás que habitavam a região desde o ano 1000, aproximadamente, ou seja, pelo menos 500 anos antes da chegada dos colonizadores portugueses.
Em defesa da Bahia
Em 1624, a aldeia se destacou ao participar da resistência contra a invasão holandesa, unindo forças com autoridades locais e índios para expulsar os invasores da Bahia. Sob a liderança do bispo D. Marcos Teixeira, a Aldeia do Divino Espírito Santo se tornou um ponto estratégico. Os jesuítas e os líderes locais organizaram tropas que, em conjunto com os índios, enfrentaram os holandeses, que buscavam expandir seu domínio na região.
Essa resistência foi crucial não apenas para a preservação da aldeia, mas também para a manutenção da soberania portuguesa na Bahia. A vitória contra os holandeses não só fortaleceu as alianças entre os indígenas e os colonizadores, mas também consolidou a importância de Vila de Abrantes como um bastião de resistência e identidade cultural.
A criação de Camaçari
A emancipação de Camaçari ocorreu em 28 de setembro de 1758, com a expulsão dos jesuítas e um decreto assinado pelo Marquês de Pombal, que alterou o nome do povoado para Vila de Nova Abrantes do Espírito Santo, posteriormente simplificado para Vila de Abrantes. Naquela época, a vila contava com apenas 544 casas e aproximadamente 1.200 habitantes. As terras pertenciam ao desembargador Tomaz Garcez Paranhos Montenegro, que, em 1860, trouxe a estrada de ferro para a região, impulsionando seu crescimento.
A importância de Vila de Abrantes vai além de sua história; ela representa um símbolo da resistência e da luta pela autonomia da região. Durante os séculos, a localidade se tornou um centro de referência cultural e histórica, contribuindo para a formação da identidade baiana, infelizmente, muito dessa cultura - assim como outras belas tradições da cidade - está se perdendo, em partes pela falta de cuidado das gestões municipais com a manutenção desses legados.
O crescimento populacional e o potencial turístico cultural da área, que inclui belas praias e um rico patrimônio histórico, fazem de Vila de Abrantes um local de grande relevância, mesmo que muitas vezes esquecido. É fundamental reconhecer e celebrar a importância de Vila de Abrantes na formação de Camaçari e na história da Bahia.
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