A boemia andava afastada do Rio Vermelho, que a trocou por alguns meses de máquinas, canteiros de obras e pinturas. Ontem, com a entrega da primeira etapa de requalificação do bairro, litros de cerveja, roupa nova e uma sexta-feira sem hora para acabar anunciaram o regresso dela. “(A boemia) voltou, e ‘di cum força’”, disse o empresário Zé Raimundo, do Boteco do França, um dos points do bairro.
Havia dois meses que os amigos Alan Pereira e Iuri Cerqueira, ambos de 26 anos, não se aventuravam para uma noitada no Rio Vermelho. “A gente sempre foi de chegar sexta-feira aqui e só sair no sábado de manhã, e olhe lá. Às vezes, ficava até por aqui pela casa dos amigos. Mas o trânsito estava complicado, a locomoção também por causa da obra e esfriamos”, diz Alan. “Mas agora, em pleno verão, a gente vai bater ponto novamente”, afirmou Iuri.
As noites, agora, ficaram mais iluminadas e mais organizadas, o que, para a artista transformista Scarleth Sangalo, 31, vai atrair ainda mais público. “Quem já vinha vai continuar vindo pelas opções. Quem gosta de bar, tem, quem não gosta tem boate, tem lounge, tem locais para comer. Eu moro aqui no Rio Vermelho e gosto justamente disto: tem lugar para todo mundo aqui”, afirmou.
Como o bairro é do comando das mulheres, graças à referência de Iemanjá, responsável pela atração da maior festa popular da região, a festa de ontem não podia ser diferente: Márcia Castro, Amanda Santiago e Ana Mametto subiram ao palco. Ana lembrou que o Rio Vermelho sempre será o bairro dos artistas. “Todo mundo nessa cidade faz seu show e depois vem pra onde? Pra cá”, afirmou Ana Mametto.
Márcia Castro reforça que o bairro é onde ela gosta de comer, de encontrar os amigos e um lugar da cidade que adotou, e não é de hoje. “Aqui comecei a minha vida social, ainda na adolescência. A gente ia para o bar Alambique, depois para os shows de Márcio Melo. Comecei a cantar em vários bares que abriram e fecharam por aqui, o Teatro do Sesi, onde fiz meu primeiro show autoral”, lembrou. Márcia apresentou ontem, pela primeira vez, seu projeto Eletrobailada, um show com elementos eletrônicos e dançantes.
O recreador José Chocolate desceu com um grupo de dez colegas logo após o expediente e não dançaram todas as músicas. “Agora a gente vai vir aqui ainda mais”.
O show foi oferecido pela prefeitura e organizado pela Empresa Salvador Turismo (Saltur). O palco do show foi o novo Largo da Mariquita, que estava com os bares cheios de animação.
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