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Para a PF, afirmação de Bolsonaro no ato indica que ele sabia da existência das minutas de roteiro para mantê-lo no poder e impedir a posse de LulaPara a PF, afirmação de Bolsonaro no ato indica que ele sabia da existência das minutas de roteiro para mantê-lo no poder e impedir a posse de Lula

Veículos da imprensa internacional repercutiram o ato realizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na Avenida Paulista, em São Paulo, na tarde de ontem (25). Em comum, as postagens mostram o encontro de bolsonaristas e políticos aliados que quiseram dar uma demonstração da resiliência do bolsonarismo, mas que não passou de um discurso de defesa que não irá além de uma foto com a multidão. O jornal espanhol El País ressaltou, por exemplo, o desespero do ex-presidente “cada vez mais encurralado pela Justiça”.

De acordo com o Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP), o ato de apoio do bolsonarismo conseguiu reuniu 185 mil pessoas em seu ápice. O levantamento foi feito a partir de 43 fotos tiradas entre as 15h – horário aproximado da chegada do ex-presidente, agora inelegível – e as 17h, quando ele foi embora, e analisadas por um software. Embora grande, a manifestação acabou sendo menor do que a esperada por Bolsonaro e esvaziada de grandes nomes.

“Foi abaixo do público que eles pretendiam, que era entre 500 mil e 700 mil, mas foi uma demonstração de força”, observou o cientista político Rudá Ricci ao Brasil de Fato. Além disso, apesar da presença de figuras carimbadas da extrema direita brasileira, nove dos 13 governadores eleitos com apoio dos bolsonaristas não compareceram à manifestação: Cláudio Castro (RJ), Ratinho Jr (PR), Mauro Mendes (MT), Wanderley Barbosa (TO), Gladson Camelli (AC), Antonio Denarium (RR), Ibanêis Rocha (DF), Wilson Lima (AM), Marcos Rocha (RO) e Eduardo Riedel (MS).

Bolsonaro reforçou provas contra ele

O que foi comentado pelo El País. “Cerca de 185 mil fiéis, segundo uma contagem de acadêmicos, apoiaram-no juntamente com quatro governadores aliados e dezenas de parlamentares. Três dias depois de permanecer em silêncio ao ser questionado pela polícia sobre a suposta trama golpista, Bolsonaro queria uma foto de multidão para rebater o que considera uma perseguição judicial”. O jornal também comentou a contradição do discurso do ex-presidente que deu explicações confusas sobre a acusação de tentativa de golpe, justificando que não havia “tanques nas ruas”.

“Bolsonaro ignorou que no século 21 os golpes são perpetrados distorcendo as leis”, rebateu o jornal. A mesma fala, de acordo com a Polícia Federal neste domingo, reforçou a linha de investigação de que houve uma trama golpista. Durante ela, Bolsonaro questionou “agora o golpe é porque tem uma minuta de decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenha paciência”. Para os investigadores, essa afirmação indica que o direitista sabia da existência das minutas de roteiro para mantê-lo no poder e impedir a posse de Lula. Segundo informações da Folha de S. Paulo, o ato entrará no contexto de toda a investigação sobre a trama.

O francês Le Monde também comentou que a multidão bolsonarista, como esperado, estava lá. “Mas longe do entusiasmo das mobilizações anteriores. Sob um lindo sol, os rostos permaneceram fechados, e as palavras eram controladas. O medo de serem presos por convocarem um golpe é real entre esses bolsonaristas que agora seguram seus ataques contra os odiados juízes do Supremo Tribunal Federal”, avaliou. Além de comedidos, o veículo antecipou que, com o avanço das investigações e das provas, a extrema direita já se articula em torno de um “bolsonarismo sem o próprio Bolsonaro”.

Outras repercussões

“Já condenado a oito anos de inelegibilidade pelos seus ataques ao sistema de votação eletrônica do Brasil, poderá o ‘capitão’ ver a sua cavalgada política terminar atrás das grades? Na extrema direita, alguns já parecem estar preparando a sucessão e imaginando um bolsonarismo sem Bolsonaro. O candidato mais sério continua sendo o ex-ministro e atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Presente no Paulista, ele prestou homenagem ao ‘amigo’ e ex-presidente”, disse a reportagem.

O Le Monde ainda chamou atenção para as bandeiras de Israel, “quase tão numerosas quanto as do Brasil”. Ao noticiar o ato, o jornal britânico Daily Mail enumerou as acusações contra Bolsonaro, investigado não apenas pela trama golpista. “Ele enfrenta diversas outras investigações, como a falsificação de certificados de vacinação contra a covid-19, ou a suposta apropriação indébita de presentes recebidos de outras nações, como jóias oferecidas pela Arábia Saudita. Em junho, o tribunal eleitoral proibiu Bolsonaro de concorrer ao cargo até 2030 devido aos seus ataques ao sistema eleitoral”, listou.

Ja o também britânico Independent ressaltou o fascismo de seus apoiadores. “O evento mostrou que a mensagem de Bolsonaro ainda ressoa entre muitos brasileiros, alguns dos quais evidentemente são a favor de qualquer tentativa de golpe que o coloque no poder. Um homem desfilou com chapéu militar e gritou: ‘Brasil, nação, salve nossas forças. As Forças Armadas não dormiram!'”, escreveu.

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