Imagine a cena: um candidato a vereador que não consegue expressar suas ideias de maneira clara. Ele tenta ler um papel, mas se atrapalha. A seguir, tenta ler um teleprompter, e a situação só piora. Volta para o papel, mas sem sucesso. Após repetidas tentativas frustradas, a única coisa que ele consegue pronunciar sem hesitar ou se atrapalhar são palavrões. Muitos palavrões.
O que o candidato está tentando dizer, com muita dificuldade, é: “Caros amigos e amigas da cidade e do interior. Se eu for eleito, vou lutar pela melhoria na saúde, educação, saneamento básico, incentivo ao produtor rural e agrícola, para que, em médio prazo, haja uma colônia altamente produtiva na criação de renda para o pai de família, jovem, dona de casa, taxista, mototaxi, e toda a classe trabalhadora”. No fim, ele ainda diz seu nome e número na urna.
O homem aparenta ter cerca de 50 anos. O vídeo foi postado no Youtube em 2012, mas continua incrivelmente atual. Isso porque o despreparo de candidatos, principalmente para cargos legislativos, é cada vez mais comum em muitos municípios do Brasil, incluindo Camaçari. A falta de clareza nas propostas e de habilidade para se comunicar com os eleitores evidencia um problema persistente: candidatos que, por falta de qualificação, pouco conseguem oferecer em termos de projetos e soluções reais para a população.
A cena do candidato que não consegue nem dizer suas propostas viralizou como algo engraçado, mas esta mais para “seria cômico se não fosse trágico”. Porque a política partidária e a espetacularização marketeira têm transformado a política, cada vez mais, em algo sem importância, indesejado e visto pela população geral como inútil.
Acontece que, como diz a ex-deputada Luiza Maia (PT), “quem não gosta de política é governado por quem gosta”. E sem política e debate social não tem democracia. Sem democracia tão tem combate a desigualdades sociais. Sem combate às desigualdades sociais, o pobre é só força bruta mal remunerada.
Assim, a cena constrangedora serve de alerta para que eleitores fiquem atentos. Afinal, muito além de frases prontas e discursos genéricos, é essencial avaliar quem, de fato, está preparado para representar os interesses da comunidade e transformar palavras em ações concretas.
Veja o vídeo
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