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Política

Presidente Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)Presidente Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)

É legítimo que eleitores mudem o voto quando levados a entender o peso da escolha de um novo presidente

No “Dicionário das Eleições” (Juruá, 2020), a cientista política Marcela Tanaka conceitua o voto útil como um comportamento eleitoral no qual um determinado eleitor não votaria de jeito nenhum em um hipotético candidato A, o segundo candidato (B) é uma opção possível, mas o ideal é o voto no candidato C. Se o terceiro candidato não tem chances de vitória, a decisão do voto envolverá o apoio àquele que tenha chance de derrotar o candidato mais rejeitado nas eleições. A este tipo de comportamento, a ciência política tem denominado de voto útil.


Outro fator que propicia o voto útil ocorre quando o primeiro colocado está em uma curva de crescimento e falta-lhe pouco para liquidar a fatura no primeiro turno. Ou seja, havendo uma grande polarização em torno de duas candidaturas efetivamente na disputa, as demais ficam pressionadas por um movimento de racionalidade política dos eleitores diante em torno de um voto subótimo ou estratégico, quando se visa mesmo o segundo turno.

Sem dúvidas, é legítimo que os eleitores mudem o voto quando levados a entender o peso da escolha de um novo presidente e o que representa de responsabilidade para o futuro da nação. Acontece que a nova peça publicitária de Ciro Gomes (PDT) que começou a circular nas suas redes sociais neste final de semana defende a tese da equivalência entre um suposto “bolsoplanismo” e o “lulaplanismo” em um ato flagrante e oportunista de “brutalidade eleitoral”, que praticamente põe os seus eleitores nas cordas, criminalizando a existência previsível de uma segunda escolha eleitoral, algo também legítimo em razão de vivermos em um sistema eleitoral com segundo turno. O que isso quer dizer? Que uma parte dos eleitores quando escolhe um candidato que está atrás dos dois primeiros colocados nas pesquisas, em geral, já consegue projetar a sua intenção de voto em um eventual segundo turno.

Na pesquisa Datafolha divulgada na semana passada (22), o instituto consegue exatamente monitorar as escolhas eleitorais faltando poucos dias para as eleições. Entre os eleitores que declaram voto em Ciro, mas não estão totalmente decididos, Lula (38%), Bolsonaro (18%) e Tebet (13%) seriam os principais beneficiados por uma mudança de voto, o que também explica de que lado ficarão no segundo turno.

Sendo o voto útil a racionalidade de uma parte dos eleitores para consolidar um tipo de escolha, nada mais claro que a provável vitória de Lula no primeiro turno como um retrato da força da sua base social e ideológica. Em segundo plano, a força do antibolsonarismo: a reprovação a Bolsonaro ganhou ares de um plebiscito informal sobre o seu governo e a adesão do seu líder a um golpismo que pôs em risco a nossa democracia. Isso explica o voto útil contra Bolsonaro.

*Cláudio André é Professor Adjunto de Ciência Política da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) e um dos organizadores do “Dicionário das Eleições” (Juruá, 2020)

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