Cuidadoso com as palavras, o vice-presidente Michel Temer evitou se comprometer, em seu discurso na convenção do partido neste sábado, com a possibilidade de o PMDB desembarcar do governo, mas não evitou críticas à condução econômica do governo e apresentou o partido como uma alternativa para "unir o país".
Depois de citar que hoje o país não enfrenta problemas democráticos, Temer atacou a situação econômica e política.
"Não podemos ignorar que o país enfrenta gravíssima crise política e econômica. Não podemos deixar que os graves problemas comprometam os substantivos ganhos sociais e nem a redução do potencial e capacidade da economia nacional", disse o vice-presidente.
"O quadro recessivo, o desemprego crescente, a carestia devem ser enfrentados com a valorização da iniciativa privada e a expansão da competitividade, acompanhado de medidas de ajuste."
Temer não ignorou as disputas internas que dividem o partido entre os peemedebistas que querem o desembarque imediato do governo e os que preferem esperar mais um pouco, mas disse que o PMDB "converge em todas as ocasiões em que é preciso cuidar do país".
"Não é hora de dividir os brasileiros, acirrar ânimos, de levantar muros. É a hora de construir pontes. É o que o PMDB está fazendo", afirmou.
A construção de um grande acordo que permitiu a recondução de Temer à presidência do partido, depois da ameaça de um racha, não evitou que o vice-presidente ouvisse cobranças.
"Estamos dando um voto de confiança ao presidente Michel Temer. Ele tem que nos ouvir", afirmou o deputado Osmar Terra (RS), referindo-se a decisão de adiar para daqui a 30 dias a votação das moções que tratam do afastamento do governo.
"Estamos desconfortáveis com os rumos do PMDB", disse o deputado federal Carlos Marun, cobrando que o partido não aceite mais cargos do governo. O parlamentar se exaltou ao tomar que o ex-ministro Eliseu Padilha, que faz às vezes de mestre de cerimônias, chamou o deputado Mauro Lopes (MG) de "futuro ministro da Aviação Civil".
"Temos que ter claro que nenhum peemedebista vai aceitar mais nenhum cargo no governo", afirmou.
O Palácio do Planalto espera o resultado da convenção para nomear ou não Lopes, indicado pela bancada de Minas Gerais e apoiado pelo líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani.
Temer não respondeu a nenhum dos questionamentos. Em seu lugar, Padilha afirmou que a decisão de apreciar as moções em 30 dias foi aprovada por unanimidade e será cumprida, sem entrar na discussão sobre cargos em ministérios.
Temer, que foi embora pouco depois de discursar, voltará à convenção no final da tarde, para ouvir o resultado da votação que o reelegerá.
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