Galeria de Fotos

Não perca!!

Política

Prefeito e governador marcam presença no Carnaval. Este ano deve ser igual a 2015 (Foto: Raul Spinassé l Ag. A TARDE l 12.02.2015)Prefeito e governador marcam presença no Carnaval. Este ano deve ser igual a 2015 (Foto: Raul Spinassé l Ag. A TARDE l 12.02.2015)

Finalizada a disputa política na Lavagem do Bonfim, o governador Rui Costa (PT) e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), se preparam para medir forças mais uma vez neste ano de eleições, desta vez no Carnaval, historicamente uma arena de conflitos e disputas.

Nas festas populares, os discursos dos políticos são repetidos ano a ano, quase sempre na tentativa de "despolitizar" os festejos. "Hoje é dia de Bonfim" ou "em carnaval não se fala de política" são frases ouvidas frequentemente.

O fenômeno das festas como espaços de disputa política, porém, está longe de ser uma característica contemporânea. "Sempre foi assim e não imagino que isso será eliminado. Acho que é o do DNA de festas como o Carnaval", diz o professor Paulo Miguez, doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas.

Carnaval dos anjos

Segundo Miguez, existe até mesmo uma imagem equivocada de carnavais antigos como "espaços angelicais". "Isso não é verdade. Acho que algumas coisas ganharam mais visibilidade, escancaradas nas redes sociais, e as disputas terminam amplificadas", afirma.

Ele menciona embates do começo do século passado, entre o Carnaval das elites e o Carnaval popular, e cita a disputa por espaço nas ruas, lembrando a discussão mais atual sobre o tamanho das cordas. "Não há um carnaval sem conflitos", sentencia.

Outra festa que costuma ser lembrada pelo clima de tensão - ou, nas palavras do senador Otto Alencar (PSD), pela "guerrinha da oposição com o governo" - é o Dois de Julho.

Ex-carlista, Otto lembra provocações do então senador Antônio Carlos Magalhães feitas no início dos anos 90 à então prefeita da capital baiana, Lídice da Mata. Com um cortejo maior, ele ironizou o tamanho do grupo que acompanharia a adversária.

"Ele olhou para Lídice e Bete Wagner e falou: 'Vocês vão sozinhas, né?'. Ela virou e disse: 'Me respeite. Eu sou prefeita de Salvador'. Eu tinha uma foto desse momento e dei a Lídice", conta Otto, hoje aliado da ex-prefeita.

Influência eleitoral

O cientista político Paulo Fábio Dantas, professor da Ufba, reforça a ideia de que as festas populares servem para políticos e partidos avaliarem a repercussão das estratégias que desenvolvem na política.

"É um momento do político encontrar gente, ouvir o que as pessoas estão pensando. Faz parte da vida política", diz o deputado federal José Carlos Aleluia, presidente do DEM na Bahia.

Para o cientista político, é "compreensível" que o Carnaval, antes de tudo uma manifestação cultural, se torne alvo de estratégias políticas de atores individuais e coletivos em busca de legitimação popular.

Uma legitimação que tem também um forte sentido eleitoral para políticos e partidos. "Isso, a meu ver, não é uma perversão, ou qualquer tipo de patologia. É uma condição intrínseca da competição política. Assim como o artista, o político precisa e deve ir aonde o povo está", afirma Dantas.

Para Miguez, a relação entre política e Carnaval é tanta que uma festa mal organizada pode trazer consequências para os gestores.

"Em uma cidade como Salvador, um governador ou um prefeito que não saibam fazer a festa podem pagar um preço elevado", argumenta o professor.

Segundo ele,  a importância do Carnaval para a capital baiana é o mesmo do São João em cidades do interior da Bahia. "Não há um prefeito de cidade do interior que não tente fazer o São João aparecer como uma joia da coroa", compara.

Festa é espaço para sátira política

Largamente utilizadas na história nacional para enaltecer políticos, as marchinhas carnavalescas também são exemplos constantes de deboche e sátira política.

Provavelmente, o presidente que mais inspirou marchinhas e sambas, Getúlio Vargas teve todo o seu governo documentado por peças musicais, como Retrato do Velho.

“Bota o retrato do velho, bota no mesmo lugar/o sorriso do velhinho/faz a gente trabalhar”, diz a letra. Até a morte de Getúlio foi inspiração para um samba-enredo da escola de samba Mangueira, em 1956, intitulado O grande presidente.

Outro que se valeu de marchinhas foi Jânio Quadros. Seu jingle de campanha foi sucesso nacional, com os versos “Varre, varre vassourinha/varre, varre a bandalheira”.

Apesar do histórico de bajulação, as marchinhas têm também uma tradição de zombar de políticos. Recentemente, um personagem da Operação Lava Jato inspirou a marchinha Japonês da Federal.

Trata-se do agente da Polícia Federal Newton Ishii, que acompanhou diversas prisões da Lava Jato e acabou aparecendo em várias imagens como “papagaio de pirata” dos detidos.

“Vai fazer o maior sucesso o japonesinho da Federal”, diz o senador Otto Alencar (PSD), mostrando que já decorou a letra ao cantarolar os versos em seguida: “Ai meu Deus, me dei mal / Bateu na minha porta o japonês da Federal”.

Mudança do Garcia

Além das marchinhas, blocos de carnaval como a Mudança do Garcia têm a tradição de protestar e debochar de políticos durante a festa. Otto lembra de uma das edições da Mudança do Garcia quando Antônio Carlos Magalhães, “no auge de sua popularidade”, foi surpreendido por pessoas desfilando com pastas rosas, em referência ao caso da Pasta Rosa.

Apreendida pelo Banco Central na sede do Banco Econômico, em Salvador, a tal pasta continha nomes de candidatos que supostamente deveriam receber apoio financeiro e registros de doações a campanhas feitas pelo Econômico. Entre os nomes da lista, estava inclusive o do próprio Otto.

Clique aqui e siga-nos no Facebook

 

Camaçari Fatos e Fotos LTDA
Contato: (71) 3621-4310 | redacao@camacarifatosefotos.com.br, comercial@camacarifatosefotos.com.br
www.camacarifatosefotos.com.br