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PF e STF mantêm conteúdo guardado a sete chaves, e haveria motivos. Ex-presidente, quando ainda estava no mandato, foi grampeado pelo então chefe da Abin, Alexandre Ramagem. Créditos: Danilo Verpa/FolhapressPF e STF mantêm conteúdo guardado a sete chaves, e haveria motivos. Ex-presidente, quando ainda estava no mandato, foi grampeado pelo então chefe da Abin, Alexandre Ramagem. Créditos: Danilo Verpa/Folhapress

A 4ª etapa da Operação Última Milha, levada a cabo pela Polícia Federal na manhã de quinta-feira (11), que investiga a implantação da chamada “Abin paralela” para espionar criminosamente adversários e até aliados do governo de Jair Bolsonaro (PL), causou um grande estrondo no Brasil. Ainda que muita coisa já fosse de conhecimento público desde o início do inquérito, novos fatos absurdos e em alguma medida até mesmo assustadores vieram à tona, como a arapongagem clandestina contra dois presidentes da Câmara dos Deputados e quatro ministros do Supremo Tribunal Federal.

No entanto, o grande escândalo que ganhou holofotes desta vez foi a confirmação da existência de um áudio de 1 hora e 8 minutos de duração que retrata uma reunião realizada no Palácio do Planalto, em 25 de agosto de 2020, entre Bolsonaro, o então chefe da Abin “verdadeira”, Alexandre Ramagem, que hoje é deputado federal, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, e uma advogada que defendia os interesses do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente. Na longa conversa estaria em pauta uma forma de interferir diretamente nas investigações que apuravam a suposta prática de rachadinha no antigo gabinete de Flávio na Alerj, quando ele era deputado estadual. Os auditores da Receita Federal que atuavam no caso eram os alvos da trama costurada no encontro.

Os pormenores e repercussões políticas em torno do “grampo”, no universo bolsonarista, já são conhecidos. O antigo presidente ficou furioso e se sentiu traído por Ramagem por ter sido gravado sem autorização e falando de um assunto sensível, os principais líderes da extrema direita são unânimes em dizer que Ramagem teria feito isso para ter “uma prova” contra Bolsonaro, deixando-o acuado em caso de necessidade, entre outras interpretações. Só que a pergunta que fica é: por que o áudio não foi divulgado ou vazado até agora?

Antes de tudo, é preciso considerar que Bolsonaro sabe do que foi tratado naquela reunião, mas é natural que quatro anos depois não lembre com exatidão tudo o que disse exatamente. Ou seja, ele pode ter falado coisas comprometedoras demais, mas que naquele contexto de poder e sem imaginar que um dia o mundo cairia em sua cabeça, não o preocupou na hora de abrir a boca. No entendimento da PF e do STF, liberar o teor dessa gravação agora poderia fazer com que o ex-presidente e seu entorno já criem uma desculpa e argumentos para descredibilizar os supostos crimes cometidos naquele encontro e que ficaram registrados, uma tática muito usada pelo grupo em vários escândalos.

Uma fonte da Fórum na Polícia Federal, que não está na investigação, mas que mantém contato com setores envolvidos nela, garante que o “grampo” de Ramagem é tratado como “a bomba da República”. Uma liberação neste momento poderia ter um efeito político imediato e, por fim, dar tempo para que Bolsonaro e os seus correligionários mais próximos envolvidos na trama rocambolesca combinem versões e tratem de criar o ambiente de tumulto e desconfiança que sempre é reverberado em sua bolha. A incerteza sobre o teor das provas e a impossibilidade de sair negando cada trecho usando desculpas esfarrapadas e milimetricamente esculpidas para a situação é o que desespera o líder da extrema direita brasileira e seus filhos.

Na visão dos investigadores e do STF, recolher todas as provas, ponto por ponto, ouvindo os participantes da reunião e fazendo perguntas precisas, sem que eles tenham ouvido o teor daquilo que disseram há longínquos quatro anos, é uma maneira de garantir sucesso no inquérito. Por ora, ou pelo menos pelas próximas semanas, o áudio clandestino de Ramagem que assombra Bolsonaro deve ficar guardado a sete chaves num cofre da PF, exceto se houver um vazamento (programado ou não) para a imprensa.

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