Walter José Robert Borges, de 50 anos, é um médico anestesista de Linhares, no norte do Espírito Santo. Ele está em Pelotas, no sul do Rio Grande do Sul, para onde viajou com um grupo de colegas médicos a fim de atender vítimas das inundações. Mas o que seria bela história de solidariedade se transformou num pesadelo: durante uma cirurgia no início da semana ele sofreu um infarto e está internado em estado grave na UTI do Hospital Universitário da cidade.
O episódio ocorreu na última segunda-feira (20), quando Walter deixou a sala de cirurgia do Hospital Universitário em meio a um procedimento. A atitude um tanto inusitada chamou a atenção dos colegas que momentos depois o encontraram desacordado dentro de um banheiro.
Herik Assis, seu cunhado, revelou ao g1 que Walter era fumante, mas que nunca tinha apresentado histórico de problemas cardíacos ou problemas de saúde em geral. Assis ainda revelou que o profissional ficou cerca de 8 minutos sem oxigenação no corpo, o que aparentemente o deixou em estado vegetativo.
“Foram diagnosticadas lesões cerebrais que indicam estado vegetativo. Ele é rodeado de médicos na família, e eles se juntaram para pedir uma ressonância, até para a família entender o que pode ser feito para melhorar a qualidade de vida nele”, contou o parente.
Agora, o principal objetivo da família é levá-lo de volta ao ES. Sua esposa, Danielly Coimbra Ulhoa, disse ao Uol que o marido está em estado crítico, com ventilação mecânica e que o Hospital Universitário de Pelotas é do tipo secundário e não dispõe de equipamento para definir um diagnóstico exato.
“Precisamos transportá-lo para um hospital com condições de suporte neurológico, mas não temos condições de realizar o transporte particular. Precisamos de ajuda dos dois estados nesse momento”, disse Ulhoa.
Os médicos do Hospital Universitário de Pelotas, no entanto, apontam que mudá-lo de hospital não melhoraria seu quadro de saúde e ainda ofereceria riscos relativos ao translado. Os familiares agora buscam orientação junto à Secretaria de Saúde do ES (Sesa), que já manifestou apoio em realizar o translado. Resta a aprovação do hospital gaúcho.
“Ele é nascido e criado aqui. A família dele é do Espírito Santo, e ele está lá no RS. Como família, a gente acha que pode fazer alguma coisa.”, disse o cunhado ao g1.
Walter formou-se médico em 2000 na Faculdade de Medicina de Petrópolis, no Rio de Janeiro, e já trabalhou como anestesista em hospitais do RJ, MT, SP e ES. Casou-se com Danielly em 2015 no dia do seu aniversário e, com ela, é pai de uma menina de 12 anos e um menino de 7.
O caso do médico capixaba que faleceu
Um médico capixaba de 41 anos, morador de Vila Velha, deixou o Espírito Santo na madrugada de 12 de maio para, acompanhado de amigos, ajudar nos resgates das vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul, mas acabou morrendo de forma repentina num abrigo de São Leopoldo, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Ele foi encontrado já sem vida na manhã de 13 de maio, depois de um dia inteiro de atendimento aos gaúchos desabrigados.
Leandro Medice, que era cardiologista, embarcou num voo particular fretado, junto com outros médicos, às 3h de domingo (12) e passou o dia aferindo a pressão arterial de vítimas das enchentes. Ele foi dormir numa área mais afastada do alojamento para profissionais de saúde, uma vez que amigos relataram que Medice tinha consciência de que roncava muito. Os companheiros estranharam o fato de o médico não ter levantado no horário programado e se apresentado para o trabalho voluntário, já que ele era muito pontual, e quando foram despertá-lo constataram o trágico fato.
O acupunturista João Paulo Martins, marido de Medice, concedeu entrevista ao portal g1 e contou que o cônjuge jamais teve problemas de saúde e que não entende como a morte ocorreu.
“Ele era muito saudável, sempre cuidou da saúde. Nunca teve histórico nenhum de problemas. Eu ainda não consigo acreditar no que aconteceu. Quando me contaram, pensei que fosse brincadeira. Ele foi para ajudar as pessoas e aconteceu essa tragédia”, lamentou Martins.
O marido de Medice confirmou ainda a questão relacionada ao ronco, que fazia com que o companheiro optasse por dormir mais afastado, para não atrapalhar outras pessoas.
“Leandro roncava um pouco e, por isso, preferiu dormir mais afastado dos amigos. Me contou que era tudo muito organizado, que conseguiram um colchão muito limpo e que já estava com saudade de mim. Estávamos juntos há seis anos e disse que não lembrava qual tinha sido a última vez que tinha viajado sozinho”, recordou.
Medice era fisioterapeuta, sua primeira formação acadêmica. Depois tornou-se dentista e, por fim, formou-se em medicina, se especializando em cardiologia. De acordo com amigos próximos, nos últimos anos ele se dedicava à área de estética capilar, mantendo uma clínica do tipo em Vila Velha (ES).
A morte do médico foi constatada no próprio alojamento de São Leopoldo e, a princípio, a hipótese mais plausível para o óbito é a de mal súbito. A verdadeira causa só será conhecida após a realização do exame necroscópico no cadáver da vítima.
Clique aqui e siga-nos no Facebook
< Anterior | Próximo > |
---|