O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está no Rio Grande do Sul para assistir pessoalmente as vítimas da tragédia das chuvas e anunciar de forma oficial o nome do ministro Paulo Pimenta para o cargo de autoridade federal responsável pelo processo de reconstrução do estado, palco da maior catástrofe ambiental da História do Brasil. Pela quarta vez em território gaúcho desde o início da tormenta, Lula foi antes de tudo a um alojamento em São Leopoldo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, onde estão milhares de desabrigados que perderam absolutamente tudo nas enchentes.
É natural em regimes democráticos que um chefe de Estado ou de governo se compadeça com o sofrimento de seus compatriotas em situações de comoção nacional e visite vítimas, anunciando medidas de auxílio e amparo, assim como para ouvir as demandas dos cidadãos atingidos. É parte da liturgia do cargo. Também é natural que surjam críticas e que setores oposicionistas se manifestem de maneira contrária a medidas tomadas pelo governo. O que não é natural é um show doentio de mentiras e ataques descabidos, edificados sobre uma avalanche de maldades fabricadas nos esgotos de uma horda de alucinados violentos que só se ocupa de levar a cabo uma histeria grotesca eivada de uma politicagem baixa.
Alheio a isso, Lula fez o que se espera de um líder no poder. Aliás, quem assiste às cenas de sua visita pelo alojamento das vítimas vê que sua ação vai além. E é um além no aspecto humano. Abraçar cada cidadão desesperado que se aproxima e pede um contato com a maior autoridade do país, ouvir de forma atenta cada lamento, cada choro. Levar uma palavra de alento e tentar minimamente dar forças e ânimo a quem não sabe nem por onde começar a se reerguer. Se emocionar junto com uma tragédia que mancha a vitalidade da nação.
A ida de Lula ao alojamento dos desabrigados da catastrófica chuva do Rio Grande do Sul é fundamentalmente o marco que diferencia o estadista de um carniceiro vulgar qualquer, que debocha de mortos dizendo que “não é coveiro”. Pontua a distância entre o ser humano e um sujeito de cariz psicopático que só fala de armas, até em meio a uma crise de fome e de pobreza, que passeia de jet-ski enquanto brasileiros morrem numa enxurrada, ou que lança mão de qualquer subterfúgio sob pretexto da própria saúde para desaparecer da opinião pública quando a coisa aperta.
A visita de Lula às vítimas das cheias em solo gaúcho, para muito além de qualquer reverberação política (ou eleitoral, como gostam de cravar os jornais que por anos apoiaram seus prediletos fazendo exploração eleitoral de tragédias), é um despertar para o que de fato se espera de um governante. Estar lá, falar com as pessoas de maneira indiscriminada, tentar levantar o moral e anunciar o que está sendo feito, inclusive para já. Essa visita é uma constatação de que a humanidade retornou para a cadeira que acolhe a maior autoridade do país, botando para escanteio o sadismo patológico e o ódio como ferramenta de aglutinação de desajustados morais que se aproximam por afinidade.
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