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Foto: Nelson Jr./STF / Cristiano Mariz/Agência O GloboFoto: Nelson Jr./STF / Cristiano Mariz/Agência O Globo

A conversa entre Sergio Moro e Gilmar Mendes, ocorrida na última terça-feira (2) no gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), foi um momento que sintetiza a trajetória do ex-juiz e a reviravolta na situação de figuras que antes foram alvo da Lava Jato.

 

Além dos dois, o senador Wellington Fagundes, do PL de Mato Grosso, estava presente na reunião, intermediando o encontro a pedido de Moro, devido ao seu bom relacionamento com Gilmar. Moro teve pouca participação, falando pouco durante os cerca de 90 minutos de conversa.

Inicialmente, ele negou qualquer envolvimento em crimes que justificassem uma investigação como a anunciada pelo corregedor nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão, sobre supostos desvios na 13ª Vara de Curitiba, onde Moro atuou na Lava Jato.

Sobre a operação, Moro negou irregularidades e tentou se distanciar de Deltan Dallagnol, afirmando não ter relação com o ex-procurador e ex-deputado. Nesse momento, Gilmar o interrompeu.

“Você e Dallagnol roubavam galinha juntos. Não diga que não, Sergio”, disse Gilmar, que a todo o tempo foi tratado como “ministro” e “senhor” por Moro, a quem preferia responder simplesmente por “Sergio” e “você”, conforme informações do colunista Guilherme Amado, do Metrópoles.

“Tudo o que a Vaza Jato revelou, eu já sabia que você e Dallagnol faziam. Vocês combinavam o que estaria nas peças. Não venha dizer que não”, continuou Gilmar.

O senador tentou distanciar-se de antigos contatos, mencionando outro desafeto de Gilmar: Marcelo Bretas. O ex-juiz disse também não ter relação com o juiz carioca, afastado da 7ª Vara da Justiça Federal no Rio. Gilmar ignorou.

“Certa vez, Sergio, o Paulo Guedes veio aqui ao meu gabinete e disse orgulhoso que havia sido ele quem havia ido a Curitiba convidar você para ser ministro do Bolsonaro. Eu disse a ele que talvez ele não tenha percebido, mas, ao conseguir tirar você de Curitiba, ele deveria colocar isso no currículo. Foi certamente um dos maiores feitos dele no ministério”, tripudiou Gilmar

Moro afirmou que nunca atacou o Supremo e rompeu com Bolsonaro em 2020, ao perceber que estava sendo usado pelo então presidente. No entanto, não comentou sobre sua reaproximação com Bolsonaro em 2022.

Gilmar, no entanto, elevou o tom: “Você faltou a muitas aulas, Sergio. Curitiba não te ajudou em nada. Aproveite que está no Senado e estude um pouco. A biblioteca do Senado é ótima, você deveria frequentar”, disse o magistrado.

Vale destacar que Moro não pediu ajuda para reverter a cassação de seu mandato, que está sendo julgada no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, mas perguntou se poderiam manter o diálogo aberto. Gilmar concordou. Moro agradeceu a audiência e deixou o gabinete.

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