O general Mauro Cesar Lourena Cid, que foi chefe da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) em Miami, é acusado por servidores da entidade de ter escondido por um bom tempo “caixas com presentes” de Jair Bolsonaro (PL) na sede do órgão nos EUA. Mauro Cid é pai do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, e está preso por ser uma das principais peças-chave nas investigações dos crimes atribuídos ao líder de extrema direita. A denúncia é da Band, veiculada em primeira-mão na noite desta quarta-feira (3).
De acordo com a reportagem do Jornal da Band, funcionários da Apex em Miami confirmaram que o militar guardava esses “presentes” dados ao ex-presidente em visitas internacionais lá. Mauro Cid, o pai, já é investigado pela Polícia Federal por ter tentado vender objetos valiosos concedidos ao então chefe de Estado, que na verdade pertenceriam ao acervo da Presidência da República, em lojas do ramo em território norte-americano. Ele inclusive aparece no reflexo de uma caixa de vidro fotografando uma obra de arte que foi oferecida a leiloeiros nos EUA.
“Todo mundo aqui em Miami sabe que o general guardava os presentes do Bolsonaro aqui. Ele até tentava esconder, mas a gente via”, diz uma servidora da Apex na mais famosa cidade da Flórida.
Um outro funcionário, que foi demitido da agência recentemente, entregou à Band uma cópia de um e-mail enviado por ele ao RH da Apex denunciando que o general Mauro Cid seguiu frequentando o escritório do órgão em Miami por dois meses, com autorização da chefia da época e com acesso total às dependências, e que até recebeu o filho lá, o tenente-coronel Mauro Cid, que saiu do local levando malas e objetos.
“Ele veio no escritório de Miami com o Mauro Cid quando não tinha mais cargo nenhum aqui. Deixaram ele entrar e sair por três meses”, disse uma outra servidora ouvida pela emissora, que citou um prazo até maior de acesso ilegal por parte do general.
Por fim, a reportagem informa que o militar da reserva procurou o executivo de investimentos da Apex, Michael Rinelli, para que a entidade pagasse pela impressão de um material golpista que estimulava a tentativa de ruptura institucional que Bolsonaro tentou levar a cabo no Brasil àquela época. Rinelli teria advertido Cid de que sabia que os telefones e computadores usados pelo general na agência poderiam possuir conteúdos comprometedores, o que fez com que o pai do tenente-coronel fosse até lá, em março de 2023, já no governo Lula (PT), e apagasse essas informações.
Tanto o general Cid, quanto Michael Rinelli, já são investigados por usar verba da Apex, que é dinheiro público, para patrocinar acampamentos golpistas que foram instalados no Brasil para incentivar a derrubada da democracia e a manutenção de Bolsonaro na Presidência. Há vídeos dos dois nesses ajuntamentos criminosos em Brasília, onde pouco tempo depois, em 8 de janeiro, os extremistas e seus colaboradores militares tentaram promover um golpe de Estado.
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