O advogado Cezar Bitencourt, que faz a defesa do tenente-coronel Mauro Cid, teria pedido à Polícia Federal (PF) acesso aos vídeos dos depoimentos prestados pelo ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) na Presidência por meio do acordo de delação premiada.
Segundo Igor Gadelha, no portal Metrópoles, a defesa fez o pedido após Cid reclamar a interlocutores que a PF estaria usando trechos de seu depoimento para costurar o que ele considera uma "narrativa" sobre a atuação da organização criminosa golpista.
Cid teria reclamado que nunca, em seus depoimentos, implicou Bolsonaro diretamente na articulação do golpe. Segundo ele, o ex-presidente sofria pressão para desencadear o processo a partir de denúncias de fraudes nas urnas eletrônicas, que não foram comprovadas.
No total, o ex-ajudante de ordens já prestou sete depoimentos - em dois deles, ficou em silêncio.
O último aconteceu na segunda-feira (11), quando teria confirmado a declaração do general Marco Antonio Freire Gomes, de que Bolsonaro apresentou aos comandantes das Forças Armadas a minuta golpista durante reunião.
Marcelo Câmara
Coluna de Bela Megale, no jornal O Globo desta quinta-feira (14), afirma que, em outra vertente, a PF teria a tentativa da defesa de Marcelo Câmara de se fazer um acordo de delação premiada.
Marcelo Câmara é coronel do Exército e ex-assessor especial de Biolsonaro. Ele foi preso na Operação Tempus Veritatis, que investiga a organização criminosa golpista.
O militar, que seguiu a estratégia de ficar em silêncio no primeiro depoimento, afirmou depois, por meio de advogados, que foi "coagido" a ficar calado pelo delegado que realizou a oitiva.
“A defesa do coronel Marcelo Câmara esclarece que não teve oportunidade de responder as perguntas pois a autoridade policial disse que não tinha tempo de aguardar o encerramento do depoimento de Tércio. Em razão disso, foi coagido a usar do silêncio, sem a presença de sua defesa técnica. Algo totalmente novo, reprovável e que não se pode admitir em um Estado Democrático e de Direito”, alegou o advogado Eduardo Kuntz, no comunicado.
Nesta quarta-feira (13), o jornalista e professor da UFRJ Felipe Pena afirmou que a defesa de Câmara teria oferecido o acordo de delação à PF.
"Marcelo Câmara participava pessoalmente do núcleo duro da Abin Paralela. Ele respondia diretamente ao Bolsonaro, porque ele era o principal assistente do Mauro Cid. Ele toma esse lugar [do Mauro Cid] e passa a ser o principal assessor do Bolsonaro. Ele sabe de tudo também e está preso e está prestes a fazer a delação premium. Ele vai ser o próximo. O advogado dele já disse que ele fará uma delação premiada e vai confirmar tudo que a gente já sabe", afirmou o jornalista.
"Agora a gente sabe que houve uma última reunião no dia 28 de julho, também com a participação do Marcelo Câmara, que era quem, no final das contas, articulava tudo isso e tem muita culpa no cartório e por isso está tentando se salvar. A novidade é essa, meus queridos e minhas queridas. Marcelo Câmara, assessor especial de Bolsonaro, o principal assessor depois de Mauro Cid, é o próximo a fazer delação. Não há como escapar", completa.
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