Uma verdadeira obsessão. Assim pode ser definido o comportamento de um comerciante dono de uma padaria de Barueri (SP) e de seus funcionários quando o assunto é uso de notebook, tablets ou celulares por clientes que estão consumindo algo na Empório Bethaville. Sim, ao sentar-se no local com, por exemplo, um café ou um pão de queijo, nem pense em dar uma olhada nos e-mails, mensagens de WhatsApp ou redes sociais. O local e seu responsável, desde 2014, acumulam pilhas de reclamações em sites de defesa do consumidor na internet.
Nos últimos dias, um vídeo que circula pelas redes sociais, que teria sido registrado na última sexta (2), mostra um cliente sendo seriamente hostilizado por um homem identificado como Silvio Mazzafiori, que seria o dono da Bethaville, assim como por um funcionário da padaria. Ele sequer está usando o computador, que permanece fechado e em cima da mesa.
“Você sabe ler? Você sabe ler? Olha aqui ó, normas do estabelecimento”, diz o proprietário, já em tom muito agressivo. Quem entra em sites como o Reclame Aqui ou o TripAdvisor e busca pela Bethaville encontrará um verdadeiro corolário de reclamações, sobre questões diversas, mas sobretudo sobre a ‘paranoia’ com o uso de equipamentos eletrônicos no local.
A discussão segue acalorada e o comerciante e seu funcionário parecem totalmente exaltados por uma situação que sequer deveria gerar algum tipo de conflito. Ele hostiliza o cliente ainda dentro da padaria e, na sequência, vai para a rua para tirar satisfação com ele. Na discussão, ele afirma que o dono do notebook “não é homem”, o chama para “ir lá na rua” e o insulta o chamando de “bosta”.
Do lado de fora, o sujeito que seria o dono da Empório Bethaville empunha um pedaço de madeira e sai correndo atrás do cliente, gritando. Ele tropeça e cai no chão. Tudo acontece na frente de uma viatura da Polícia Civil que está estacionada na frente do comércio. Dois homens que estão juntos ao carro oficial parecem ajudar o comerciante descontrolado, tentando contê-lo, embora não seja possível afirmar se a dupla seria formada pelos agentes responsáveis pela viatura parada. Um outro homem, aparentemente amigo do cliente, filma a cena e vira também alvo da fúria de Mazzafiori e de seu empregado.
“Não filma”, grita o funcionário, enquanto o dono ameaça de morte os dois, de forma direta e objetiva. “Eu vou matar essa cara, ele não sabe quem ele é”, diz, sendo contido pelos homens que não se sabe se são policiais civis. Vendo que está sendo filmado, ele parte ainda para cima do outro cliente.
Histórico de problemas
A ‘ficha corrida’ da Bethaville nos mecanismos de análise de estabelecimentos na internet é longa. Há 10 anos, em 2014, a padaria já registrava. Mazzafiori, diz um cliente no TripAdvisor, teria sido grosseiro e truculento ao ser questionado sobre pratos ressecados ou muito passados. Ele teria dito “para chegarem mais cedo”, que aí sim a comida estaria boa.
Já a primeira reclamação por uso de computadores, tablets e celulares é de 2018. No reclame aqui, clientes protestavam por conta da norma insólita, assim como devido ao tratamento grosseiro e agressivo do proprietário. As reclamações demoram até três anos para serem respondidas e as desculpas para tal ‘norma’ são as mais variadas, desde a de que ‘não existe essa norma’ até uma versão de que os clientes consomem pouco e permanecem muito tempo ocupando o local usando os dispositivos, comprometendo a rotatividade do comércio.
Em 2015, um empresário que mantém escritório na região diz no TripAdvisor que tentou fazer reuniões de network no estabelecimento, mas que na segunda ida à BethaVille praticamente foi expulso de lá com agressividade pelo dono, o que o fez optar por uma padaria concorrente que fica nas proximidades. Há muitos outros comentários e reclamações parecidas nesses sites.
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