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Dados são do estudo 'Pele Alvo: a Bala não Erra o Negro', que, na quarta edição, mostra o crescente nível da violência policial contra essa população. A taxa de negros entre os mortos é maior que desse grupo racial entre a população brasileira. Foto:  Agência Brasil - Reprodução Dados são do estudo 'Pele Alvo: a Bala não Erra o Negro', que, na quarta edição, mostra o crescente nível da violência policial contra essa população. A taxa de negros entre os mortos é maior que desse grupo racial entre a população brasileira. Foto: Agência Brasil - Reprodução

Negros somam 94,76% das pessoas mortas em ações policiais ocorridas na Bahia em 2022. Dos 1.465 mortos no estado em decorrência dessas atuações, cerca de 1.380 eram pretos ou pardos.

Os números integram o novo boletim "Pele alvo: a bala não erra o negro", que foi divulgado pela Rede de Observatórios da Segurança nesta quinta-feira (16). A pesquisa mostra ainda a polícia do estado como a mais letal entre outros sete analisados.

De acordo com a organização, o levantamento é baseado em dados fornecidos pelas próprias Secretarias de Segurança Pública. O objetivo é monitorar essas ações e produzir material para se pensar em novas políticas públicas.

Entre 2015 (quando a Bahia registrou 354 mortes) e 2022, houve um aumento de 300% nessa taxa de letalidade. Conforme apontou o levantamento, 74,21% das vítimas mortas na Bahia, tinha entre 18 e 29 anos quando ocorreram as ações.

Essas pessoas, também em maioria, eram moradores de periferias. Salvador é a cidade com maior número de casos.

Em entrevista ao iBahia, a pesquisadora Larissa Neves, que integra a Rede de Observatórios da Segurança na Bahia e a Iniciativa Negra, detalhou a situação no estado.

"Esse é um ponto crucial para a gente pensar nessas mortes na Bahia. A gente sempre diz que a guerra às drogas é o principal álibi da segurança pública, porque ela afeta o cotidiano das pessoas que residem nos territórios de periferia, mas os entorpecentes circulam em todos os bairros. Só que os moradores e as moradoras de áreas da periferia que vão sofrer com os efeitos dessas operações contra o tráfico de drogas".

Larissa citou a violência nessas determinadas áreas e chamou atenção para os "alvos" das ações. "Todos os dias a gente acompanha nos noticiários as mortes de pessoas, e essas pessoas têm cor. São pessoas negras. Essas pessoas residem em territórios de periferia, e a gente vê como essas pessoas são mortas de modo tão brutal".

A pesquisadora também destacou o fato da Bahia, sobretudo Salvador, ser o território com maior população negra fora da África (80,80% da população na Bahia), e ainda assim ter um número tão alto de mortes dessas pessoas.

"Quando a gente vai olhar para o território com mais pessoas negras fora da África e usa isso como justificativa para dizer que essas pessoas são as pessoas que mais morrem, a gente está fazendo justamente o que não deveria fazer. A gente está falando sofre o estado mais enegrecido do país que vai assumir o topo do ranking como a unidade federativa que mais mata, superando o Rio de Janeiro", disse.

O portal procurou a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) para se posicionar sobre o assunto e aguardava retorno até a última atualização desta reportagem.
Nível nacional

De 3.171 registros de morte em oito estados analisados, com informação de cor/raça declaradas, os negros somaram 87,35%, ou 2.770 pessoas. Além da Bahia, o estudo aconteceu no Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo.

Conforme os dados, a cada quatro horas uma pessoa negra foi morta em 2022 pela polícia. Como nos estudos anuais anteriores, o novo monitoramento demonstra o alto e crescente nível da letalidade causada pela polícia a pessoas negras.

“São quatro anos de estudo e nos causa perplexidade e inquietação observar que o número de negros mortos pela violência policial representa a imensa maioria de um total elevado de vítimas”, disse a cientista social Silvia Ramos, coordenadora da Rede de Observatórios.

No Ceará, algumas informações de raça/cor dos mortos nas operações foram "negligenciadas", como aponta a cientista. Das 152 mortes no estado, 69,74% não tiveram a informação definida. No Maranhão, o estudo não conseguiu números da Secretária.

“Ainda lidamos com uma prática de negligenciamento do perfil dos mortos por agentes de segurança, fato que impacta diretamente no desenvolvimento de políticas públicas que possam mudar essa realidade e efetivamente trazer segurança para toda a população”, completou.

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