Médicos alertam para os perigos da disseminação de informações falsas sobre o uso de substâncias para a saúde
Os perigos da desinformação sobre terapias hormonais e o uso de substâncias sem o acompanhamento de um profissional de saúde têm preocupado a comunidade médica. A iniciativa "Brasil contra Fake" tem o tema "Quem espalha fake news espalha destruição" e visa conscientizar sobre os riscos da automedicação.
Especialistas alertam para as consequências, principalmente ao fígado, com a disseminação de notícias falsas que prometem respostas fáceis e alternativas, sem comprovação científica para estética ou saúde.
Segundo o hepatologista, professor e pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Raymundo Paraná, no Centro de Atendimento em Toxicidade Hepática no Hospital das Clínicas de Salvador, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), com a cooperação da Faculdade de Farmácia da Ufba, a maior parte dos pacientes que chegam com toxicidade hepática são pelo consumo de medicamentos, ervas, fitoterápicos e chás divulgados e vendidos pela internet.
“As fake news na área da saúde são perversas porque induzem o paciente à exposição de produtos, medicamentos e tratamentos de muito risco. Quando surge uma notícia na internet sobre esse ou aquele medicamento que emagrece ou evita o envelhecimento, as pessoas não pesquisam”, afirma.
De acordo com o pesquisador, as fake news surgem de interesses ocultos e egoístas, com o objetivo de gerar controvérsias sobre fatos não comprovados. "Com as fake news, a crença da medicina no país está muito abalada. Não há consequência para quem espalha. Essas práticas são extremamente lucrativas, gravitando na órbita do fitness, do sobrepeso corporal e da estética, com o interesse comercial colocando de lado a ética e a ciência”, pontua.
Dentre as substâncias comentadas, a chamada "modulação hormonal”, sem a supervisão médica qualificada, levando em consideração o histórico médico, exames clínicos e a necessidade de cada paciente, apresenta perigos significativos aos órgãos e sistemas. “Eles são indevidamente prescritos com a falsa ideia de estar repondo hormônios. Eles causam o ganho de massa muscular e emagrecimento, mas de uma maneira artificial e anti-fisiológica”, afirma o especialista.
Ele acrescenta que, atualmente, é muito frequente as combinações de fitoterápicos. “Tivemos vários casos, como, por exemplo, cambogia, moringa, chá verde, espinheira santa, spirulina, óleo de cártamo e chás de emagrecimento, além da prática modista da Maca Peruana, utilizada como estimulante sexual sem nenhuma comprovação acerca desta propriedade”, finaliza.
O fígado costuma ser o principal órgão atingido porque é onde se metaboliza a maioria das drogas e dos princípios ativos dos fitoterápicos. Porém, o rim, o coração e o pulmão também podem sofrer. As doenças mais impactadas são as associadas à obesidade. “O indivíduo com sobrepeso busca uma solução mágica, resistindo ao que deveria fazer, que é atividade física, reeducação alimentar e mudança de hábitos”.
O aposentado Miguel Matos teve um problema sério no fígado após utilizar a babosa como remédio para h pylore, seguindo a orientação que viu na internet. “Eu fiquei muito mal, corri risco de morte. A forma com a qual o cara no vídeo falava nos levou a crer que realmente curaria”, finaliza.
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