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Pedro Guimarães foi presidente da Caixa durante o mandato de Jair Bolsonaro (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)Pedro Guimarães foi presidente da Caixa durante o mandato de Jair Bolsonaro (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Pedro Guimarães virou réu após Justiça aceitar denúncia do Ministério Público

Após investigações de casos de assédio na Caixa Econômica Federal, o Ministério Público Federal pediu a condenação do ex-presidente do banco, Pedro Guimarães, por dois crimes: assédio sexual e importunação sexual. A acusação foi aceita e se condenado ao final do processo, a pena pode variar de 7 até 74 anos de prisão.

O MPF enquadrou Guimarães nos artigos 215 (oito vezes) e 216 (sete vezes) do Código Penal e pediu que a Justiça considere como agravante o fato de ele ter supostamente cometido os crimes valendo-se de sua posição hierárquica em relação às vítimas. Nesse caso, a pena é aumentada em 50%.

Com o recebimento da denúncia pelo Poder Judiciário, o ex-presidente da Caixa passa a ser considerado formalmente réu e o processo começa a tramitar. Nessa etapa, vítimas e testemunhas irão depor perante o juiz. Pedro Guimarães também deve depor.

As acusações

Em 2021, um grupo de funcionárias da Caixa decidiu denunciar episódios de assédio sexual cometidos por Pedro Guimarães. Todas elas trabalham ou trabalharam em equipes que servem diretamente ao gabinete da presidência da Caixa.

As mulheres relatam toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites incompatíveis com o que deveria ser o normal na relação entre o presidente do maior banco público brasileiro e funcionárias sob seu comando. Uma investigação foi aberta e corre sob sigilo no Ministério Público Federal. Este é o primeiro caso público de assédio sexual envolvendo um alto funcionário do governo Jair Bolsonaro.

A maioria dos relatos citam viagens realizadas por Pedro Guimarães como parte do programa Caixa Mais Brasil. Desde janeiro de 2019, foram realizadas mais de 140 visitas a cidades de todas as regiões. As viagens ocorrem principalmente nos finais de semana.

“É comum ele pegar na cintura, pegar no pescoço. Já aconteceu comigo e com várias colegas”, disse uma funcionária. “Ele trata as mulheres que estão perto como se fossem dele.”

“Ele já tentou várias vezes avançar o sinal comigo. É uma pessoa que não sabe escutar não”. “Quando escuta, vira a cara e passa a ignorar. Quando me encontrava, nem me cumprimentava mais”, completa.

Além disso, também há relatos de que funcionárias são promovidas hierarquicamente mesmo sem preencher os requisitos necessários e acabam transferidas para a sede.

Outro relato é de que a escolha das mulheres que integram a comitiva nas viagens do programa Caixa Mais Brasil é feita diretamente pelo gabinete de Guimarães "Tem um padrão. Mulher bonita é sempre escolhida para viajar”. “Ele convida para as viagens as mulheres que acha interessantes”, afirma.

Em uma viagem, duas funcionárias da equipe foram chamadas para ir à piscina do hotel encontrar Pedro Guimarães. Na ocasião, uma pessoa próxima a Guimarães fez uma proposta. “E se o presidente quiser transar com você?”.

Em uma viagem, uma funcionário foi surpreendida. Ela afirma que, depois de concluídos os trabalhos, Guimarães a chamou para repassar a agenda do dia seguinte e enquanto caminhavam, a tocou. “Ele passou a mão em mim. Foi um absurdo. Ele apertou minha bunda. Literalmente isso”.

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