Em sua primeira entrevista do mandato, presidente não poupou críticas a Forças Armadas, Polícia Militar e serviços de inteligência por ataques a Brasília
Nesta quarta-feira (18) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou durante entrevista para a jornalista Natuza Nery, da GloboNews, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava contando com o sucesso na tentativa patética de golpe do último dia 8 de janeiro, acompanhada em tempo real pelo mundo inteiro, para retornar ‘triunfante’ dos EUA. Para Lula, se por um lado os ataques foram possíveis por conta da negligência daqueles que deveriam organizar a segurança de Brasília - Forças Armadas, Polícia Militar e serviços de inteligência - por outro lado credita a derrota da tentativa de golpe à rápida reação do governo.
“Fiquei com a impressão que era o começo de um golpe de Estado. Me dava a impressão de que Bolsonaro sabia de tudo o que estava acontecendo e esperava voltar para o Brasil na glória de um golpe (...) A inteligência não existiu. Se eu soubesse que havia movimentação para esse tipo de ação, teria ficado em Brasília”, disse.
Criticado por Lula, Bolsonaro agora é investigado por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como um dos mentores dos ataques às sedes dos três poderes em Brasília. Ele fugiu do país em 30 de dezembro, quando embarcou para os EUA com medo de uma eventual prisão e a fim de não ter de passar a faixa presidencial a Lula em primeiro de janeiro.
Sobre os ataques terroristas à Praça dos Três Poderes, Lula voltou a criticar a Polícia Militar do Distrito Federal, as Forças Armadas e os serviços de inteligência. Na sua opinião houve negligência, quando não colaboração, vindas de pessoas destas corporações e órgãos. Mais cedo, Lula declarou ter perdido a confiança nos militares. Em todo caso, defendeu que as investigações apurem os fatos e descartou a necessidade de uma CPI.
“O importante é despolitizar as Forças Armadas. O soldado, o sargento e o coronel são do Estado. Não é o ‘Exército do Lula’ ou ‘do Bolsonaro’, eles têm que defender a Constituição. Quero conversar com eles”, declarou o presidente que já tem a conversa marcada para essa semana, através de Jose Mucio, Ministro da Defesa, que Lula garantiu que não sairá do governo por conta do incidente.
Lula demitiu nesta manhã 15 militares do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) diretamente vinculados a sua segurança e prometeu punição a todos os militares e policiais que estiveram envolvidos no episódio de 8 de janeiro. "Nós temos que defender a democracia, o melhor regime que existe, mas que só será respeitado pelo povo quando ninguém estiver passando fome, houver emprego e paz", concluiu.
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