Fecomércio–BA projeta que o varejo no estado deve faturar R$ 4,3 bilhões este mês, 0,5% a mais que em 2021
A Black Friday é só na próxima semana, última sexta de novembro, mas o comércio todo está na campanha já faz um bom tempo. Projeções da Fecomércio-BA apontam que setores mais ligados à ação, como o de eletrodomésticos e eletrônicos, devem faturar R$ 4,3 bilhões este mês no estado, número 0,5% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.
Com a promessa de descontos de até 70%, a dica dos especialistas em finanças e varejo para o consumidor interessado em fazer bons negócios e comprar com preços mais em conta, contudo, é ter foco no preço e na necessidade real – isso para não perder dinheiro, gastar em excesso, endividar-se, ou até cair em armadilhas.
Segundo o educador financeiro Reinaldo Domingos, do canal “Dinheiro à Vista”, no YouTube, atitudes simples, como pesquisar antes (valores) e ter a garantia da reputação do estabelecimento onde se pretende fazer a compra, podem evitar dor de cabeça ou prejuízo.
“É preciso ter foco nos preços, conhecê-los antes, e só buscar aquilo que realmente necessita, passeando em sites, lojas para ter a certeza de que está fazendo um bom negócio. Agir por impulso, nesse momento, pode prejudicar o bolso”, explica.
Presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin), e PhD no tema, Domingos destaca que a campanha de vendas é uma “oportunidade” boa para o consumo, assim “como o Natal, as liquidações, saldões, às vezes com preços mais convidativos”. Mas, que não faz milagre e os questionamentos a serem feitos são “eu realmente preciso disso? É para presente? Quem vai receber esse presente precisa disso ou outra coisa? Qual o preço estava antes (da Black Friday)?”.
“Fazer compras de forma planejada e consciente é um dos principais segredos da educação financeira e da arte de poupar. Deste modo é mais difícil se deixar levar por impulso ou apelo. Faça uma lista detalhada de tudo aquilo que pretende comprar e de quem deseja presentear, considerando principalmente o quanto pretende gastar com cada item”, diz o educador.
“E não compre se para isso precisar se endividar. Parcelamento também é uma forma de dívida. Se for inevitável, tenha certeza de que caberá no orçamento dos próximos meses, e que a compra não trará custos extras para a família”, fala.
Estudante da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Inara Almeida, 21, conta que nunca foi de esperar pela data, mas que, pela primeira vez, tem planos de ir às compras. A ideia dela é investir ao menos em um fone de ouvido bluetooth (sem fio), além de produtos da China, como roupa e bolsa, “sem extravagância”.
Comparação de preços
“O fone de ouvido está por menos da metade do preço, custava R$ 160 e, agora, R$ 71. Os itens da China eu compro independente da data”, diz.
Tem ainda um notebook novo, pois o dela danificou, mas aí a compra é através da família, que vive em Feira de Santana, a 109 quilômetros da capital, já que a grana dela mesma é curta, e tem despesa com aluguel, etc, etc. Ela fala que tem “consciência que o preço de tudo está caro”, e tudo o que está adquirindo é também ferramenta de trabalho, em especial o computador.
“Eu morro de medo de ficar sem dinheiro, adquiri essa consciência, principalmente porque estou longe (da casa dos pais), tem muito gasto, e olha que eu tenho a quem recorrer”, reconhece.
Especialista em gestão de lojas e empreendedor focado no varejo, Cleber Brandão pontua que o momento de retomada da economia possui “várias incertezas”, mas que, “uma coisa se pode garantir: fornecedores querem vender e clientes comprar”. “Contudo, não é porque está barato que você deve comprar. Cuidado com as promoções onde os preços se tornam mais baratos após o aumento expressivo (e anterior à campanha”.
Falando em preço alto, o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, também ressalta que o consumidor precisa ficar atento à Black Friday, lembrando que, na região de Salvador, os preços médios de eletrodomésticos e equipamentos subiram 18,69% nos últimos 12 meses.
“O refrigerador, por exemplo, teve aumento de 21,70%, variação próxima a 20,78%, da máquina de lavar roupa. Outro item que teve majoração anual de preços foi o fogão, de 16,11%. Por outro lado, o destaque fica com o computador pessoal com queda de 7,36% e do aparelho de som, -5,78%”, afirma Dietze, através da assessoria de imprensa.
Para o economista o ritmo do comércio só não deve ser mais positivo por conta dos juros elevados, que “dificultam o acesso ao crédito pelo consumidor e deixa os produtos que dependem de crédito, com um valor mais caro”. “Além disso, o nível elevado de famílias com contas em atraso traz certa limitação de consumo”. Ainda de segundo Dietze, Auxílio Brasil e 13º salário, contudo, devem estimular o consumo no varejo para a Black Friday e a Copa do Mundo.
Alta dos golpes
A dica, segundo ele é que o consumidor faça uma “lista dos produtos desejados e monitore os preços pela internet, para saber se efetivamente o produto ofertado em promoção está abaixo do preço médio praticado anteriormente à data”.
Autor do podcast “Falando de Fraudes”, o advogado especializado também em direito do consumidor Afonso Morais alerta para o aumento de casos de falcatruas esta época, falando que “Black Friday não é milagre”, e para desconfiar de preço muito barato.
“Mais do que em outros anos, temos observado um número cada vez maior de crimes e de reclamações pós-compra por parte dos consumidores. Muito caso de promoção falsa, ou mesmo meliante tentando tirar dinheiro das vítimas”, diz o sócio do escritório Morais Advogados Associados.
Cuidado com os dados e onde clica, ele fala. “Informações pessoais, como telefone, CPF, endereço e número de cartões devem ser fonte de grande preocupação. Evite colocar esses dados em qualquer formulário e sempre verifique se o site acessado seja realmente seguro. E cuidado ao clicar só clique em link se tiver certeza de que é seguro. Para isso, observe à esquerda do endereço do site se tem a imagem de um cadeado, que significa segurança, mas também se possui a sigla https no endereço da web. Busque sempre as páginas oficiais (das marcas)”.
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