Verli citou que desmonte das atividades fiscalizadoras dificultam as ações contra crimes ambientais na região
O acusado de ser mandante dos homicídios do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, Ruben Villar Coelho, conhecido como Colômbia, foi solto após pagar uma fiança de R$ 15 mil na sexta-feira, 21, no Amazonas.
Segundo a decisão, o juiz Fabiano Verli alegou que, mesmo com a gravidade do caso, “no caso concreto”, a acusação de crime de associação criminosa armada resultaria, no máximo, em uma pena de dois anos.
“No caso concreto, as acusações contra o preso são muito sérias, mas, por outro lado, pelo crime de associação criminosa armada, nada leva a pena muito maior do que 2 anos, se tanto. Ele sairia livre de reclusão efetiva. É o Brasil”, explicou o magistrado na decisão, conforme informações do O GLOBO.
Em julho, Colômbia foi preso em flagrante por uso de documentos falsos ao ser ouvido pela polícia sobre a suposta participação no duplo homicídio. Colômbia negou envolvimento com o crime. Ele também é suspeito de liderar uma quadrilha de pesca ilegal na reserva indígena Vale do Javari, no Amazonas.
De acordo com o texto, o juiz ainda pontuou que diversas decisões políticas têm dificultado as ações contra crimes e outras atividades ilegais na região. O magistrado ainda apontou que o acusado seria "uma parte diminuta do problema regional".
“Por outro lado, sejamos sinceros: após o desmonte das atividades fiscalizadoras e do estímulo expresso de políticos ao cometimento de crimes ambientais, no Brasil, sabemos que o que pode realmente dissuadir pessoas da prática de novos crimes ambientais e contra populações indígenas é a ação do dia a dia da PF, do Ibama, da Funai, do ICMBio, das secretarias estaduais e municipais de meio ambiente a outros órgãos, autarquias e fundações ambientais envolvidos na solução do problema, que é gravíssimo (e não exagero quando falo isso)”, destacou Verli em outro trecho da decisão.
Colômbia seguiu para prisão domiciliar com uso obrigatório de tornozeleira eletrônica. Ele deve permanecer em Manaus, devido à precariedade do serviço de internet no interior do estado do Amazonas. Além disso, o acusado não poderá viajar para fora do Brasil e precisou entregar o passaporte para a Polícia Federal.
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