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 O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, no hotel Jaraguá, em SP. (Foto: Mathilde Missioneiro/Folhapress) O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, no hotel Jaraguá, em SP. (Foto: Mathilde Missioneiro/Folhapress)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "é uma pessoa bacana, do bem, uma pessoa de Deus", e não se deve levar tão a sério o líder evangélico que hoje fale o contrário.

É só voltar a 2014, na inauguração do Templo de Salomão, a construção de inspirações bíblicas que a Igreja Universal do Reino de Deus ergueu em São Paulo, no primeiro mandato de Dilma Rousseff.

"Todo mundo do PT estava lá. O que acontece é o seguinte: quero um pedaço de pão, quem pode me dar um pedaço maior? Bolsonaro? Então vou ficar com ele."

Não é qualquer um falando isso. As declarações são do bispo Romualdo Panceiro, ex-número 2 da Universal e considerado, no passado, potencial sucessor do bispo Edir Macedo, que chegou a chamá-lo de "o maior milagre de Deus". O bispo dizia que, se morresse, "Romualdo assume tudo".

Há dois anos, ele virou dissidência -mais uma, como são a Mundial do Poder de Deus, de Valdemiro Santiago, e a Internacional da Graça de Deus, de R.R. Soares, cunhado do fundador da Universal.

Para o ex-bispo da Universal, é balela o papo que sua antiga igreja tenta vender, de que um cristão de verdade não pode ser de esquerda. "Precisou desses anos todos para chegarem a essa conclusão? Anos atrás, todo mundo estava com Lula. O que ele fez para que chegassem a essa conclusão?"

Panceiro aposta que, se o petista vencer a disputa presidencial, no dia seguinte à posse haverá fila no Palácio do Planalto. "Amanhã esse pessoal que está com Bolsonaro e detesta Lula, esse pessoal que vem com essa ideia de gênero, que é mentira, todo mundo vai apoiar Lula."

"Essa ideia de gênero", no caso, é a chamada ideologia de gênero, front de batalha ideológica e política para conservadores contrários ao debate sobre diversidade sexual e identidade de gênero. Essa teoria, fundamentada em boa parte em notícias falsas, pressupõe que a esquerda tem um plano doutrinário para erotizar crianças nas escolas e as empurrar para posições LGBTQIA+.

Panceiro rebate a ideia de que endossar o PT mina a sua cristandade. "Não posso? Por quê? Quem vota no Lula não é cristão?" Ele ri nessa hora. "Essa coisa aí de 'deixei de ser cristão porque estou apoiando Lula', sabe o que é? É fanatismo. Não dependo da opinião de quem quer que seja para viver a minha fé."

O bispo chama de interesse político a aderência irrestrita de pastores graúdos ao bolsonarismo. "O que o pessoal quer? Poder, influência. Estão em jogo verbas que o governo pode dar para favorecer emissoras etc. Hoje a verba -que a gente chama de pão- é repartida talvez de forma injusta. Pedaço maior para fulano e um menor para beltrano. Na época do Lula, o pedaço de pão era repartido de forma justa."

Hoje Panceiro lidera a Igreja das Nações do Reino de Deus, de pequeno porte e de linha neopentecostal, como sua antiga casa. Ele, contudo, ainda é um rosto conhecido de fiéis da Universal --que atribuiu a saída do ex-bispo, que estava em seu quadro desde os anos 1980, a "condutas inadequadas".

Em 2010, a Folha publicou reportagem sobre uma videoconferência realizada entre a cúpula da Universal dois anos antes. Nela, a direção da igreja orientou pastores a se aproximarem de "bandidos" e presos para evitar que a instituição seja vítima de assaltos. Os pastores deveriam procurar criminosos para explicar seu trabalho social. A reunião foi conduzida por Panceiro, que dizia falar em nome "do bispo".

Mas o motivo da quebra na relação, segundo contou Gilberto Nascimento, autor de "O Reino - A História de Edir Macedo e uma Radiografia da Igreja Universal", para reportagem publicada pela BBC Brasil, teria sido a ascensão de um concorrente interno, o que desagradou Panceiro.

Agora, o apontado a sucessor é Renato Cardoso, genro de Edir Macedo, casado com a primogênita dele. Panceiro teria ficado magoado. Questionado pela Folha sobre as desavenças, ele diz que prefere não tocar no assunto. "Você se incomoda de não falarmos a respeito disso? Fico até triste de me referir assim."

Voltemos a Lula. Panceiro conta que, quando o petista era presidente, encontraram-se três vezes. "Simpatizei muito com ele, porque, além de governar para todos, dava atenção às pessoas simples. Os olhos dele eram mais voltados às pessoas necessitadas, talvez pela origem humilde dele, como a minha."

Chama a relação com o ex-presidente de "namoro antigo" e diz acreditar no projeto dele. "Vai fazer política justa para ricos, pobres. Ele é uma pessoa do bem, uma pessoa de Deus. Nada contra o Bolsonaro. Mas não sou do tipo de ficar em cima do muro. Ou vou para um lado ou para o outro, não sou morno."

Também opina sobre o expurgo de pastores à esquerda em templos. Há vários exemplos, desde batistas até a maior convenção da Assembleia de Deus. "Um absurdo. Você pode, como líder, falar do seu candidato, é um direito. Mas impor aos seus comandados uma situação dessas fica meio forte, né?"

Panceiro, que morou muitos anos no exterior em trabalho missionário, conta que em 2018 votou para presidente do Brasil de Los Angeles. Mas diz não se lembrar se em Fernando Haddad (PT) ou Bolsonaro.

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