Objetivo seria evitar preconceito contra os pacientes infectados, além de maus tratos contra os animais
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estuda a possibilidade de renomear a doença conhecida como “varíola dos macacos” (Monkeypox, em inglês). O objetivo seria evitar preconceito contra os pacientes infectados, além de maus tratos contra os animais.
No Brasil, a desinformação envolvendo o nome da doença culminou em casos de maus tratos contra os animais. Na última semana, quatro saguis-de-tufos-pretos e um filhote de macaco-prego foram encontrados mortos em São José do Rio Preto, São Paulo, com sinais de intoxicação.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) lamentou a situação nesta terça-feira, 9, e reafirmou que os surtos atuais acontecem pela transmissão entre humanos.
"As pessoas têm que saber que a transmissão que estamos vendo agora acontece entre humanos", destacou a porta-voz da OMS, a epidemiologista Margaret Harris.
O nome da doença é baseado na descoberta do vírus em macacos, no ano de 1958. Porém, como cita a OMS, no surto atual, a principal forma de contágio é pelo contato entre pessoas.
Por isso, de acordo com a CNN, cientistas defendem que as mudanças na nomenclatura são necessárias inclusive para evitar equívocos sobre a forma de transmissão e prevenção.
Margaret Harris ressaltou que a estigmatização de pessoas infectadas ou a desinformação envolvendo animais na transmissão da doença pode prejudicar o controle do surto.
“O mais importante é: qualquer estigmatização, de qualquer pessoa infectada, irá aumentar a transmissão por que se as pessoas estiverem com medo de se identificar como infectadas, elas não irão procurar ajuda, não vão tomar precauções e veremos mais transmissão. Não estigmatize nenhum animal ou nenhuma pessoa, por que se você fizer isso, teremos um surto muito maior”, alertou.
Em junho, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, chegou a anunciar que o órgão estava avaliando um novo nome para a doença. Até o momento, não foi divulgada uma mudança oficial.
“A OMS também está trabalhando com parceiros e especialistas de todo o mundo para mudar o nome do vírus da varíola dos macacos, seus clados e da doença que causa. Faremos anúncios sobre os novos nomes o mais rápido possível”, afirmou Adhanom à imprensa no dia 14 de junho.
Segundo a CNN, a proposta recebeu apoio de cerca de 30 pesquisadores de diversos países que publicaram uma carta à comunidade científica global com um pedido urgente de alteração do nome do vírus.
“Embora a origem do novo surto global de MPXV ainda seja desconhecida, há evidências crescentes de que o cenário mais provável é que a transmissão humana entre continentes esteja em andamento por mais tempo do que se pensava anteriormente”, afirma o conjunto de especialistas, que inclui o virologista brasileiro Tulio de Oliveira.
Outro ponto discutido pelo grupo é o estigma que vincula o atual surto, presente em múltiplos países, à África.
“No contexto do atual surto global, a referência contínua e a nomenclatura deste vírus sendo africano não é apenas imprecisa, mas também discriminatória e estigmatizante”, afirmam os cientistas.
O Departamento de Saúde e Higiene Mental de Nova York se manifestou pedindo a OMS o nome da doença, afirmando que o termo “Monkeypox” pode contribuir para o a discriminação de “pessoas de cor”. A entidade recomenda a adoção de linguagens neutras como “hMPXV” ou “MPV”.
“NYC se junta a muitos especialistas em saúde pública e líderes comunitários que expressaram sua séria preocupação em continuar a usar exclusivamente o termo “monkeypox” devido ao estigma que pode gerar e à história dolorosa e racista na qual terminologia como essa está enraizada para comunidades de cor. ‘Monkeypox’ é um nome impróprio, pois o vírus não se origina em macacos e só foi classificado como tal devido a uma infecção observada em primatas de pesquisa”, diz o ofício.
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