A família do brasileiro Douglas Búrigo, 40, que se alistou junto às tropas ucranianas na guerra contra a Rússia, disse ter recebido a informação da embaixada neste sábado (02/06) à tarde da morte dele no campo de batalha na Ucrânia. Voluntários aliados das tropas ucranianas informam que Búrigo e outra combatente brasileira morreram em um ataque a míssil na cidade de Kharkiv nesta madrugada.
De acordo com os relatos, já são três casos de brasileiros mortos em meio à guerra contra a Rússia. Na madrugada de 5 de junho, André Hack Bahi morreu ao ser atingido em um confronto em Sieverodonetsk, um dos principais campos de batalha no leste do país. O Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores) só confirmou o óbito quatro dias depois.
Procurado pelo Portal, o Itamaraty ainda não se manifestou sobre o relato das mortes de de Búrigo e da outra combatente brasileira na guerra da Ucrânia.
Ex-militar do exército brasileiro, Búrigo estava em território ucraniano há apenas um mês. Ele deixou o Brasil ao embarcar em um voo no aeroporto internacional de Guarulhos (SP) na madrugada de 24 de maio. No dia seguinte, pisou pela primeira vez no país invadido.
Depois de permanecer um período em treinamento, Búrigo foi para o "front" de batalha para integrar o mesmo pelotão onde atuava o brasileiro André Hack, também morto em combate. Pai de uma jovem de 15 anos, Búrigo era dono de uma borracharia e morava na casa dos pais em São José dos Ausentes, interior do Rio Grande do Sul.
A família está arrasada e inconformada. O sentimento é de desespero. A gente sabia que isso poderia acontecer, mas não é fácil aceitar. Estamos desorientados, sem saber o que fazer. Ele não era só meu cunhado. Era meu amigo. Servimos juntos no Exército". Carlos dos Reis, cunhado de Búrigo
Cunhado de Búrigo, o empresário Carlos dos Reis, 41, diz que a família tentou convencê-lo a não se alistar junto às tropas ucranianas. "Mas não adiantou. A ideia dele era ir à Ucrânia para ajudar na reconstrução do país", relata o cunhado, em entrevista ao UOL.
Ele diz ter entrado em contato com Búrigo pela última vez há dez dias, quando ele ainda estava em um treinamento na Ucrânia. "Ele mandou vídeos, onde aparecia fazendo patrulhas quando ainda estava em um acampamento. Depois [quando foi para o front], parou de responder às mensagens", conta.
O ex-militar Fabio Júnior de Oliveira, 42, que também esteve na Ucrânia, diz ter sido procurado por Búrigo, com quem trocava mensagens constantemente pelo WhatsApp. "Ele me procurou porque foi divulgada a minha ida [para a Ucrânia]. Estava impaciente, porque queria ir para o 'front' e ficou por um tempo sem treinamento. É muito difícil lidar com essas perdas".
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