Ketellen estava a caminho da escola com a mãe quando levou um tiro
Atingida por uma bala perdida quando seguia para a escola, a pequena Ketellen Umbelino de Oliveira Gomes, 5 anos, ainda tentou tranquilizar a mãe, que estava aos prantos, logo após ser baleada na perna num ataque a tiros que também matou um adolescente em Realengo, na Zona Oeste.
'Mamãe, não chora, não', disse a garotinha, que morreu no Hospital Albert Schweitzer na noite dessa terça-feira (12). A criança é a sexta morta por bala perdida em 2019 no Rio de Janeiro.
"A Jessica (mãe) levava ela de bicicleta para a escola. Na hora em que ela estava passando, começou o tiroteio, os caras correndo atrás do homem que morreu, e aí um tiro pegou na perna dela. Acho que Ketellen estava na bicicleta. A Jessica a viu caída e ela disse assim: 'Mamãe, não chora, não'. A mãe começou a chorar, passando mal, e voltou correndo para pedir socorro”, contou ao jornal O Dia a copeira Dayse da Costa, 60 anos, tia da menina.
“O sangue já estava escorrendo pela perna. Foi para o hospital, fizeram tudo para poder salvar, mas, quando deu 22h e pouca ela faleceu'", completou ela, inconsolável.
A mãe levava a menina todos os dias para a escola por volta de 12h40. A entrada era às 13h.
"Só me chamava de vó: 'Vó, cheguei, vovó. Tô chegando. O que você trouxe pra mim?'. Eu às vezes dizia: '‘A vovó não trouxe nada hoje'", relatou a tia, chorando.
Segundo ela, a garota dizia que queria ser massagista quando crescesse. “Ela gostava de brincar e de fazer massagem. Falava que, quando crescesse, ia ser massagista para fazer massagem nas tias e na ‘rimã’, porque ela chamava a irmã de ‘rimã’. ‘Tá, tia? Vou ser massagista e vou dar massagem em você e na minha rimã’”.
Balanço trágico
Ketellen é a sexta criança morta por bala perdida em 2019, de 22 baleadas na Região Metropolitana do Rio. Segundo o jornal O Dia, é o dobro de mortes registradas de crianças, em comparação ao mesmo período (até 13 de novembro) de 2018, segundo a plataforma Fogo Cruzado.
Além da menina de Realengo, morreram da mesma forma Ágatha Félix, de 8 anos (no Alemão); Kauê dos Santos, de 12 anos (baleado em operação policial no Chapadão); Kauê Rozário, de 11 anos (Vila Aliança); Kauã Peixoto, de 12 anos (morto durante confronto entre policiais e bandidos na Chatuba de Mesquita); e Jenifer Gomes, de 11 anos, ferida por tiro em Triagem.
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