Fábio Coutinho foi ofendido por atleticanos enquanto continha confusão no estádio; ele também torce pelo Atlético-MG.
“Situação mais delicada da minha carreira”, disse o segurança Fábio Coutinho, de 42 anos, nesta segunda-feira (11), depois de ter sido vítima de injúria racial durante o clássico entre Cruzeiro e Atlético-MG, no Mineirão, em Belo Horizonte.
Após o jogo deste domingo, houve confusão nas arquibancadas e briga nas ruas. O saldo da confusão foi de 65 detidos - dentro e fora do estádio.
Em um vídeo publicado nas redes sociais por outro torcedor atleticano (veja acima) aparece dizendo para Fábio: “Olha sua cor”.
“A nossa intenção era barrar a ida dos atleticanos para uma área restrita, a área da imprensa, mas os atleticanos queriam passar de qualquer jeito”, disse Coutinho.
Nascido no Rio de Janeiro, o segurança mora em Belo Horizonte há sete anos e adotou o Atlético-MG como time. Ele trabalha como segurança há três anos e presta serviço no Mineirão desde o início deste ano. Atuar em dia de jogo do Galo era uma alegria para ele.
"Foi triste, foi pesado demais. 'Olha sua cor, não põe a mão em mim'. Então, pela minha cor, eu sou inferior a outro ser humano?", questionou, emocionado.
Segundo o segurança, o homem que aparece no vídeo ainda cuspiu nele. Para Fábio Coutinho, situações complicadas fazem parte do cotidiano do trabalho, mas, até hoje, nada havia sido tão grave.
Fábio Coutinho relatou que, nesta manhã, ainda assimilava tudo o que aconteceu e, por isso, não tinha procurado a polícia para registrar boletim de ocorrência. De acordo com a Polícia Civil, o crime de injúria racial depende do registro e da representação da vítima na delegacia para ser investigado.
Injúria e racismo
De acordo com o artigo 140, parágrafo 3º do Código Penal, injúria racial se refere a ofensa à dignidade ou decoro utilizando palavra depreciativa referente a raça e cor com a intenção de ofender a honra da vítima.
O crime de racismo, previsto na Lei n. 7.716/1989, é aplicado quando a ofensa discriminatória é contra um grupo ou coletividade. Por exemplo, impedir que negros tenham acesso a estabelecimento comercial, privado etc.
Destruição
Nesta segunda (11), a destruição ainda é observada no Mineirão. Imagens feitas pelo Globocop mostram cadeiras quebradas no estádio. Assentos e grades foram usados na guerra entre as torcidas.
Segundo o major Flávio Santiago, porta-voz da PM, pelo menos 65 pessoas foram detidas, em diversas ocorrências. Só em uma ocorrência no Anel Rodoviário, duas torcidas organizadas se enfrentaram e 76 pessoas foram conduzidas para a delegacia. Destas, 39 foram detidas.
"Nós precisamos eliminar esse tipo de ação. Muitas vezes injúrias acontecem. É um processo cultural que precisa ser modificado", disse Santiago nesta manhã.
"Toda pessoa que se sentir de alguma forma lesada, pode procurar a polícia no local, bases de segurança, a própria delegacia do estádio para fazer esse registro de boletim de ocorrência, inclusive porque os times também são responsáveis. Hoje, nós vemos jogadores, juízes, pedindo para que isso não ocorra porque há prejuízo pelo próprio estatuto do torcedor para aquele times que porventura tiverem torcidas que façam esse tipo de ação. Nós precisamos mudar essa conduta", afirmou o oficial.
Veja também:
Vídeo - torcedor comete ato racista em clássico mineiro: 'Olha sua cor'
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