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Uma jovem de 23 anos foi libertada após passar dois anos sendo mantida em um cativeiro pelo próprio marido em Cuiabá, no Mato Grosso. De acordo com a promotora de Justiça responsável pelo caso, Lindinalva Rodrigues, a vítima era espancada, torturada, dopada por remédios e ameaçada pelo marido, que também a impedia de se comunicar com a família, que não mora no estado.

Telefone, celular, televisão, internet ou qualquer outro tipo de contato externo eram impedidos pelo marido, que está com prisão decretada e foragido desde a semana passada, quando a jovem foi resgatada da fazenda em que morava com ele. Segundo testemunhas e relatos da própria vítima, ela conheceu o esposo quando tinha 12 anos.

O caso foi descoberto pela família da vítima no final do ano passado, quando a mãe foi passar um período com a filha na fazenda em Cuiabá. Na ocasião, a jovem conseguiu entregar, escondido do marido, uma carta para a mãe onde revelava a situação que vivia.

Na carta, a jovem relatou ainda que a família do marido e as pessoas próximas ao casal sabiam da situação vivida por ela. No entanto, nenhuma delas interferia na relação ou denunciou o caso à polícia até então.

Com a dificuldade constante de entrar em contato com a filha por telefone depois, a família começou a desconfiar e procurou a promotoria para registrar um boletim de ocorrência na Polícia Civil.

Uma equipe policial foi até a fazenda onde procurou pela jovem e pelo suspeito. Porém, o marido se escondeu na propriedade e levou a mulher junto. “Somente depois que a polícia saiu a família o convenceu de entregar a jovem. Mas a própria família disse que ele não vai ser preso de jeito nenhum porque eles têm muito dinheiro e influência”, afirmou a promotora.

Na casa do casal a polícia encontrou até um revólver, que ele usava para ameaçá-la e obrigá-la a vestir determinadas roupas e fazer somente o que ele ordenava dentro de casa.

“Se eles saíssem para um lugar, não importasse o quanto tempo fosse ficar longe [de casa], ela não podia entrar num banheiro público, porque lá dentro poderia pedir o celular de alguém para ligar e pedir socorro ou encontrar alguém. Ela teve até problemas de saúde porque teve que segurar o xixi por muitas horas e passou mal”, contou a promotora ao G1.

O mandado de prisão do marido foi decretado pela juíza Ana Cristina Silva Mendes, da Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.

 

 

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