A Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro (OAB-RJ) quer cassar o mandato do deputado Jair Bolsonaro (PSC), que citou Carlos Brilhante Ustra, um dos maiores torturadores da ditadura durante a votação do impeachment, no último domingo (17).
A OAB-RJ divulgou que vai entrar com um pedido de cassação nesta terça-feira (19). A entidade pretende convocar também a Corte Interamericana de Direitos Humanos, na Costa Rica, para que sejam tomadas medidas para limitar a apologia à tortura no Brasil.
A favor da votação do impeachment, Bolsonaro exaltou a ditadura e elogiou Carlos Brilhante Ustra, chefe do Doi-Codi de São Paulo, um dos mais sangrentos centros de tortura do regime militar. "Pela memória do coronel Carlos Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff", homenageou o parlamentar, antes de dizer o "sim".
Polêmica
Ainda durante a votação, Bolsonaro se envolveu em uma confusão com o Jean Wyllys (Psol-RJ) cuspiu em direção ao também deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) após votar não contra o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Jean, no entanto, não teria acertado o alvo.
A TV Câmara, que transmite ao vivo a sessão desde as 14h, não exibiu o momento. Antes, quando estava ao microfone para declarar a posição, Wyllys condenou Bolsonaro por ter exaltado o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido pela Justiça como torturador durante a ditadura militar.
Em uma postagem no Facebook, o deputado Jean Wyllys afirmou que Bolsonaro o insultou após seu voto contra o impeachment. "Depois de anunciar o meu voto NÃO ao golpe de estado de Cunha, Temer e a oposição de direita, o deputado fascista viúva da ditadura me insultou, gritando "veado", "queima-rosca", "boiola" e outras ofensas homofóbicas e tentou agarrar meu braço violentamente na saída. Eu reagi cuspindo no fascista", escreveu.
Revolta
O presidente da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz, é filho do desaparecido político Fernando Santa Cruz e ficou extremamente indignado com a fala do deputado. Felipe afirmou que um grupo de juristas já está elaborando um estudo com argumentos e processos cabíveis para pedir a cassação do mandato de Bolsonaro.
"Vamos ao Supremo e até a Corte Interamericana de Direitos Humanos para discutir os limites da imunidade parlamentar e pedir a cassação dele. A apologia à tortura, ao fascismo e a tudo que é antidemocratico é intolerável", afirmou.
"Sempre achei o Bolsonaro um deputado folclórico. Ele já até disse que meu pai saiu para pular carnaval e não voltou. Mas esse folcórico está se tornando grave. Não há uma enorme discussão sobre o nazismo? O que ele fez não deixa de ser analogia ao nazimo porque o Ustra é torturador, que, em nome do fascismo militar, torturou e matou pessoas para impedir a democracia", comparou Felipe Santa Cruz.
Em sua conta do Facebook, Felipe anunciou que vai tomar providências contra Bolsonaro. A postagem teve mais de 2 mil curtidas em poucas horas. Santa Cruz também publicou fotos com 20 pessoas que teriam sido torturadas por Ustra, mas a publicação já foi deletada. "Algumas das vítimas do 'homenageado' pelo deputado Bolsonaro. Tomaremos medidas duras que irão muito além de notas e declarações", escreveu.
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