Um dia depois de tomar posse do cargo de ministro da Justiça, Eugênio Aragão, 56 anos, deixou sob aviso que trocará uma equipe inteira de investigação em caso de vazamento de informações.
"Cheirou vazamento de investigação por um agente nosso, a equipe será trocada, toda. Eu não preciso ter prova. A PF está sob nossa supervisão. Se eu tiver um cheiro de vazamento, eu troco a equipe. Agora, quero também que, se a equipe disser 'não fomos nós', que me traga claros elementos de quem vazou porque aí vou ter de conversar com quem de direito", afirmou o ministro, em entrevista à 'Folha de São Paulo' nesta sexta-feira, 18, e publicada neste sábado, 19.
Ele ainda destacou que não mexerá na PF sem motivos: "Não posso simplesmente dizer 'não gosto desse daí' porque está sendo muito eficiente. Eles têm de ultrapassar a linha vermelha, terem comportamento que não seja profissional. Venho do Ministério Público e sei quão caro é a independência funcional. Não que eles (polícia) tenham independência funcional, a polícia é um órgão hierárquico, muito diferente do Ministério Público".
Na ocasião, Aragão ainda classificou de "extorsão" a maneira como as delações premiadas são negociadas e minimizou as declarações do ex-presidente Lula em uma escuta telefônica com a presidente Dilma Rousseff. Sobre a divulgação das delações, Aragão afirmou: "Aí nós temos uma atitude criminosa, porque quem vaza a delação está querendo criar algum tipo de ambiente".
Lula sempre criticou o antigo chefe da pasta, José Eduardo Cardozo, que hoje atua como advogado-geral da União, por não "controlar a Polícia Federal".
Com relação à fala de Lula de que Argão precisa ser "homem" e ter "pulso forte", divulgada pelo juiz Sérgio Moro, o ministro classificou a situação como "fofoca": "Isso é uma conversa privada dele. As pessoas entre quatro paredes falam o que querem. Fico até me perguntando qual o interesse público numa fofoca dessa. Isso para mim se chama fofoca. Não me afeta".
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