Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê que o Brasil só alcançará em 2050 a universalização de serviços de saneamento básico, coleta de esgoto e rede de água. O prazo revela atraso de pelo menos 20 com base na previsão do governo federal.
Os gastos para cumprir a meta estabelecida pelo próprio governo no Plansab (Plano Nacional de Saneamento Básico) são insuficientes –teriam que ser dobrados para alcançá-la.
A CNI aponta como responsável pela morosidade a burocracia para fazer as obras de canalização de esgoto e implantação de rede de água a principal vilã do baixo desempenho do setor.
"O município faz um projeto para saneamento, mas demora 22 meses para que o governo libere o recurso. Num ambiente urbano dinâmico, esperar 22 meses significa ter que pensar tudo de novo", diz Ilana Ferreira, analista de políticas e indústria da CNI.
Na vida prática, não ter saneamento significa prejuízo para todos. Do sistema de saúde, que fica mais sobrecarregado com crianças e adultos doentes, às empresas, que sofrem com mais ausências no trabalho e dificuldades para fazer investimentos.
"A correlação das regiões de IDH baixo e áreas com baixo índice de atendimento de serviço de saneamento é alta", diz Ilana.
O Ministério das Cidades, contudo, responde em nota que considera o andamento do Plansab 'dentro dos parâmetros adequados'. Segundo a nota, mesmo com a crise, os atrasos foram considerados "apenas um deslizamento de cronogramas" que podem ser recuperados em momentos de retomada de crescimento no futuro.
O ministério informou ainda que não teve acesso ao estudo e que está tomando medidas para acelerar os investimentos, como a eliminação da necessidade dos municípios colocarem dinheiro próprio nas obras, financiamentos com maior prazo e redução da burocracia para a apresentação de projetos, licitações e medição para pagamento das obras.
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