Ela passou por anos de crises de pânico e tentou suicídio duas vezes
A jovem Shanti De Corte, de 17 anos, andava pela sala de embarque no aeroporto da Bélgica quando, em 22 de março de 2016, terroristas do Estado Islâmico detonaram uma bomba no local. Prestes a embarcar para uma viagem à Itália, ela conseguiu sobreviver, mas sob o custo de uma grave depressão e estresse pós-traumático.
A história de Shanti só veio à tona no início desta semana, quando sua mãe, Marielle, contou ao canal belga VRT sobre a dor da menina. A explosão, que matou 32 pessoas e feriu outras 300, fez com que a jovem optasse, no início desse ano, pela eutanásia.
Após anos lidando com ataques de pânico, crises de depressão e tentativas de suicídio em duas ocasiões, a jovem escolheu o procedimento, que é legal na Bélgica, e morreu em 7 de maio de 2022 depois que dois psiquiatras aprovaram seu pedido. Antes, ela estava frequentando um hospital psiquiátrico em sua cidade natal, Antuérpia, para reabilitação.
"Aquele dia realmente a quebrou, ela nunca se sentiu segura depois disso. Ela não queria ir a nenhum lugar onde outras pessoas estivessem, por medo. Ela também tinha ataques de pânico frequentes e nunca se livrou disso", disse a mãe em entrevista ao canal.
A eutanásia é a prática de terminar intencionalmente a própria vida, para aliviar a dor e o sofrimento. Na Bélgica, para que um indivíduo consiga o procedimento, é preciso que ele se encontre em 'uma condição medicamente fútil de sofrimento físico ou mental constante e insuportável que não pode ser aliviado, resultante de uma doença grave e doença incurável causada por doença ou acidente'.
De acordo com a RTBF, Shanti pediu que eles realizassem a eutanásia por 'sofrimento psiquiátrico insuportável'.
No Facebook, ela se despediu no dia em que morreu ao escrever: "Eu ri e chorei. Até o último dia. Eu amei e pude sentir o que era o verdadeiro amor. Agora vou sair em paz. Saiba que já sinto sua falta".
Outra pessoa que recentemente tomou a decisão de seguir com uma eutanásia foi o cineasta francês Jean-Luc Godard, em setembro deste ano, na Suíça. Ele estava com 91 anos.
"Ele não estava doente, apenas esgotado", contou um familiar ao jornal Libération. "Foi decisão dele e é importante que se saiba".
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O diretor, um dos mais importantes do cinema moderno e destaque da Nouvelle Vague, teve uma vida ativa até os últimos anos. No ano passado, ao completar 90 anos, ele havia anunciado a intenção de se aposentar.
Ele também falou em entrevista que considerava o suicídio assistido como uma possibilidade para encerrar sua vida. "Não estou ansioso de seguir a qualquer preço. Se estiver doente demais, não tenho vontade alguma de ficar sendo arrastado em um carrinho de mão", disse em 2014.
Na Suíça, o suicídio assistido é permitido desde 1942, desde que não seja um caso de "motivo egoísta", como evitar pagar pelo sustento do paciente ou antecipar uma herança, por exemplo. O procedimento não é o mesmo que a eutanásia, que é proibida no país. A diferença é quem realiza o ato final. No Brasil, ambos são crimes.
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