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Internacional

O Ever Given, que tem 400 metros de comprimento (quase quatro campos de futebol), ficou atravessado diagonalmente dentro do canal que não tem mais de 200 metros de largura, bloqueando o tráfego nos dois sentidos (Foto: Reuters)O Ever Given, que tem 400 metros de comprimento (quase quatro campos de futebol), ficou atravessado diagonalmente dentro do canal que não tem mais de 200 metros de largura, bloqueando o tráfego nos dois sentidos (Foto: Reuters)

Não bastasse a pandemia de covid-19 destruindo centenas de milhares de famílias brasileiras com total apoio do Governo Federal, através do presidente Jair Bolsonaro e assolando outras partes do mundo inteiro há mais de uma ano, um navio encalhado num canal marítimo que até uma semana atrás a maioria dos brasileiros nem sabia que existia tende a piorar um tanto mais a situação para todos.

O Canal do Suez, onde o cargueiro Ever Given está encalhado desde a terça-feira (23), é uma rota marítima de 193km de comprimento e 205m de largura, situada no sul do Egito e construída em 1869 para ligar o Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo. O canal tem alta importância para o comércio mundial: além de evitar que os navios precisem contornar o continente Africano - aquele arrudeio, em bom baianês - e encurtar a rota em mais de 9.000km (43% do caminho), ele também oferece um percurso mais seguro, livre de piratas. Isso mesmo, piratas.

O canal também é vital para o comércio entre Ásia e Europa e praticamente vital para o comércio mundial: por ali passa nada menos que mais de 12% de todo comércio mundial, 30% do tráfego de conteineres e 4 bilhões de barris de petróleo vindos do Oriente Médio. Por dia. Guarde essa informação.

O Ever Given é "apenas" um dos maiores cargueiros do mundo. Tem 400 metros de comprimento e 59 de largura. Ele sozinho pesa 220.000 toneladas e tem capacidade para transportar até 20.000 conteineres de 6 metros.

Por cauda de uma tempestade de areia com ventos de aproximadamente 74 km/h o navio acabou ficando encalhando. Proa e popa estão presas nas margens do canal e nem mesmo uma frota com os oito maiores rebocadores do Suez conseguiu mover a embarcação. Lá se vão cinco dias de tentativas, erros e mais tentativas. A previsão dos especialistas em logística marítima é que o resgate pode demorar semanas.

Especialistas em outras áreas já prevêm um - mais um - impacto na economia mundial. Apenas nesses poucos dias, já há uma fila de quase 300 embarcações esperando para seguir viagem dos dois lados do canal. Nelas está dinheiro, muito dinheiro, principalmente em forma de petróleo, mas também em forma de alimentos, cargas vivas e outros produtos.

Segundo informações da BBC, que obteve dados de diversas fontes ligadas à administração do Suez e ao comércio marítimo, a fila de navios que esperam para cruzar o canal inclui mais de 40 navios de carga, transportando alimentos básicos, desde grãos e cereais até os chamados produtos "secos" como cimento, e 24 navios-tanque. Havia também oito navios transportando gado e um caminhão-pipa.

"O Canal de Suez é um dos chamados 'pontos de estrangulamento' do planeta, conforme definido pela Agência de Energia dos Estados Unidos (EIA, por sua sigla em inglês), 'essencial para a segurança energética global' e no abastecimento de matérias-primas e mercadorias", aponta a BBC.

O prejuízo causado pelo encalhe pode ser de milhões de dólares. E, como todo mundo já sabe, o prejuízos nos setores comerciais são sempre repassados aos consumidores. É aqui que o navio encalhado passa a interferir diretamente na sua vida.

Desde 2016 a Petrobrás adotou uma política de preços que beneficia gigantes internacionais do setor petrolífero e prejudica os brasileiros. O Preço de Paridade Internacional (PPI) é um mecanismo que vincula o preço cobrado pela empresa nas refinarias ao valor do petróleo no mercado internacional. Esse valor, por sua vez, varia considerando diversas interferentes, entre elas o custo operacional.

É por causa dessa política que o preço dos combustíveis no Brasil tem subido tanto e tantas vezes nos últimos tempos.

Agora volte às informações do segundo e terceiro parágrafo. Se o Ever Given demorar demais de ser liberado, as outras embarcações podem ser obrigadas a contornar o continente Africano, aumentando consideravelmente os custos operacionais e, obviamente, a cotação do barril de petróleo no mercado internacional.

Por consequência, se isso acontecer o preço dos combustíveis vai subir ainda mais no Brasil. Daí em diante é só um efeito dominó, fazendo aumentar também o preço dos alimentos e tudo mais que depende de motores e combustíveis para ser transportado e chegar ao consumidor final. Ou seja, de tudo.

A boa notícia é que Bolsonaro não tem nenhuma ingerência sobre as decisões tomadas no Canal do Suez e - ao contrário do combate à pandemia do Brasil - não poderá ajudar a piorar em nada a situação.

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