A jornalista e relações públicas Deana Bass sabe que é uma exceção. Ao contrário da maioria dos eleitores negros norte-americanos, Deana é republicana e deve votar em Donald Trump nas eleições presidenciais da próxima terça, 8 de novembro. "Sei que sou 1% dos eleitores negros que declara apoio a Trump, mas eu sou republicana. Eu não separo a minha fé da minha vida política ou da minha vida econômica. O fato de Trump dizer coisas horríveis e ousadas não mudam minha posição política. Eu não preciso gostar dele. Tudo o que ele disse sobre as mulheres foi indefensável, mas eu vou votar nele", argumenta.
O número citado por ela não é exagero ou retórica. Apenas 2% dos eleitores negros declararam que irão votar no bilionário de 70 anos, segundo pesquisa da Howard University e da National Newspaper Publisher Association (NNPA) divulgado nesta segunda (1º). Nas últimas eleições, em 2012, só 4% dos negros votaram em um candidato. Segundo a pesquisa, 89% dos entrevistados afirmaram que votarão em Hillary.
A pesquisa ouviu 900 eleitores negros em 22 mil entrevistas feitas por telefone entre 21 e 31 de outubro.
Segundo o CEO da NNPA Benjamin Chavis, o número não surpreende uma vez que historicamente os eleitores negros se declararam democratas. " pesquisa é influenciada por preocupações sobre qualidade de vida, investimento em educação, diminuição da renda do americano, desemprego, economia e questões raciais", disse Benjamin Chavis em entrevista ao CORREIO no prédio do National Press Club. Para 84% dos entrevistados, Donald Trump é racista.
O eleitorado negro, que historicamente sempre pendeu com mais força para o lado democrata, se afastou ainda mais de Trump após o apoio declarado por membros racistas e da Kull Kux Klan e também da falta de políticas de igualdade racial. Deana não esconde a desaprovação ao bilionário, mas volta a atacar Hillary ao falar que os eleitores da candidata fazem "vista grossa para seus deslizes".
"Meu voto é principalmente anti-Hillary. Ela apoiou Bill Clinton após assinar a execução de Rick Racktor, um assassino negro que, na época de sua morte, tinha uma mentalidade de uma criança. Isso enviou uma espécie de sinal para os brancos de que o governo seria mais duro com a população negra", diz.
Ex-chefe de comunicação do candidato republicano Ben Carson, que abandonou a corrida à nomeação e deixou a vaga com Trump, Deana reconhece a representatividade que Obama e Michelle, também negros, têm para essa geração. “É bonito ver um casal negro na Casa Branca. Eu admito isso. A filha de uma amiga, quando foi pintar o casal Reagan (ex-presidente e primeira-dama brancos), usou o lápis marrom. No meu tempo, eu usaria o lápis que se chamava 'cor de pele', que é claro", diz.
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