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Entrevista

Jailce quer ser a primeira mulher a governar CamaçariJailce quer ser a primeira mulher a governar Camaçari

Dizendo que levará vantagem por ser mulher, com sua multIfuncionalidade frente aos homens, e que um dos fatores que teriam impedido o prefeito de governar “a contento” teria sido sua “falta de pulso e de atitude”, e que não teme ser traída pelos apoiadores de agora, a pré-candidata à prefeitura de Camaçari, Jailce Andrade (PCdoB), concedeu entrevista exclusiva ao site Camaçari Fatos e Fotos. Com um discurso de “nova política” a pré-prefeiturável garante que sua experiência na gestão pública é outra das qualidades que a torna apta para se tornar mandatária do município de Camaçari. Durante a entrevista ela falou sobre a crise política e econômica vivida pelo país; falou do impeachment e das gravações que denunciaria uma suposta articulação contra a presidente afastada Dilma Rouseff; falou dos problemas enfrentados pelo atual prefeito e seu cabo eleitoral, Ademar Delgado; dos investimentos - ou da falta deles, no município; falou sobre a denuncia de um site local envolvendo um irmão seu, o advogado André Andrade; falou de pressão pré-campanha; falou de “fogo-amigo”, e do sentimento que nutre pelo Partido dos Trabalhadores (PT), em Camaçari; e falou, e falou...

Confira:

Camaçari Fatos e Fotos - Quem é Jailce Andrade e porque prefeita de Camaçari?

Jailce Andrade - Jailce Andrade é uma mulher de 49 anos, mãe de três filhas, advogada, gestora pública que já está nessa labuta aqui em Camaçari há quase 15 anos. Então, com uma caminhada dentro da gestão pública. Vim pro município na época da correição eleitoral, naquele cancelamento dos 50 mil títulos, a gente fez um trabalho junto com os partidos de esquerda, naquela época, pra poder dar o direito ao povo de Camaçari eleger seus representantes, que antigamente eram os votos transferidos que elegia os representantes desse município, e a gente fez essa contribuição. A partir de 2004, me envolvi nas eleições daquele ano, fui fazer a parte de assessoria jurídica, ainda naquela época como estagiária de direito, apoiando a equipe jurídica. Na verdade, quem entendia mais de direito eleitoral da equipe política, daquela época, era eu, porque eu tinha vindo do TRE, então a gente ficava na condução de todo o processo eleitoral, na parte jurídica disso. Em 2005, fui convidada para fazer parte da gestão e aí passei por várias pastas. Uma apaixonada pela gestão pública. Atuei em várias secretárias, mas eu te digo assim, dentro da gestão, o que mais me cativou e o que mais me preencheu do ponto de vista de atuação, foi a secretaria de Desenvolvimento Social, onde eu passei, praticamente, quatro anos. Então essa é Jailce Andrade.

CFF - Prefeita de Camaçari, por isso...

JA - Não, aí vamos pra outra pergunta. Primeiro você me perguntou quem era Jailce Andrade. Prefeita de Camaçari... Por que prefeita de Camaçari? Primeiro porque eu acho que a gente tem oportunidade hoje, de  através da experiência adquirida ao longo  desse tempo dentro da gestão pública, da gente poder exercer um cargo de destaque, nesse ponto de vista e poder estar contribuindo mais com essa sociedade e com a visão, também, de gestão pública que eu adquiri ao longo desses anos, com a experiência que eu tive. Então, eu acho que isso é muito importante. E prefeita de Camaçari... Jailce Andrade não é prefeita porque simplesmente é um desejo pessoal dela, mas um desejo de uma aliança política de um grupo de pessoas que acreditam que a gente pode fazer uma política diferente, que a gente pode romper com velhos paradigmas da política em Camaçari, e que a gente pode construir uma nova aliança com o povo e com novas propostas.

CFF - E relação com o povo da cidade, isso conta? Você estabeleceu alguma relação com o povo da cidade nesse período? Estabelecer uma relação com o povo isso faz parte do seu plano de ser prefeita?

JA - Com certeza. Você não vai ser prefeita para um grupo, você vai ser prefeita para o povo. Você vai atender as demandas da comunidade.

CFF - Estabeleceu alguma relação com o povo nesse período???

JA - Nesse período, lógico que foi estabelecido. Nessa atuação com a comunidade, nessa atuação na implantação das políticas públicas, lógico que a gente estabeleceu essa relação com a comunidade. Como secretária de Assistência Social, andei os quarto cantos desse município. É um município grande, é um município de mais de 700 quilômetros quadrados de área. E a gente circulou por todas as partes. O que a gente precisa estabelecer agora com o povo, que foi uma relação institucional, uma relação profissional, a gente tava ali levando as políticas públicas para o município. Então, que a gente precisa estabelecer com o povo agora é uma aliança política, uma aliança de renovação, isso que a gente precisa estabelecer a partir de agora.

CFF - Considerações sobre a situação econômica e política do país, nesse momento...

JA - A gente vivendo um momento de crise, tanto do ponto de vista econômico, porque o mundo está em crise, não é Franco?! Uma crise que a gente está vivendo desde 2008. E o Brasil está sofrendo com essa crise, lógico, a gente teve aí, uma queda absurda dos níveis de emprego, de produção das empresas. A economia deu, também, uma recuada muito grande e Camaçari sofreu os impactos disso, também. Camaçari vive do que arrecada, também, do Pólo Petroquímico, da indústria, do comércio. E a gente teve essa crise. E a crise política que o Brasil também está vivendo, que a gente sabe e tem vivido esses dias de angústia com essa crise política, que acaba agravando inclusive a crise econômica, onde o país passa a ter seu nível de avaliação para investimentos, que cai em função disso. E essa crise política impactou muito, também, aqui em Camaçari. Ver como a gente vai conduzir o desdobramento disso aqui no município; e a questão do impeachment da presidente Dilma é uma questão que afeta diretamente o município. Porque a gente sabe que o governo federal, que esse elo, governo municipal, estadual e federal, é importante, e isso atinge de certa forma, a gente sabe disso, apesar de que a própria legislação garante todos os repasses; eles não podem ser prejudicados por causa da divergência política, mas a gente sabe que quando o governo também é alinhado, as vantagens que você tem quando você vai fazer captação de outras naturezas. Então a gente tem que planejar e ver como vai fazer a condução política disso.

CFF - Seu partido está na base do governo, Dilma foi injustiçada?

JA - Eu digo que a presidente Dilma no cenário político e da forma que foi conduzido o processo político, eu creio que ela foi injustiçada, sim. Primeiro porque naquele momento que foi promovido o impeachment, não havia crime de responsabilidade. A questão das pedaladas fiscais, está provado e comprovado, que houveram outras vezes em outros governos e ninguém sofreu sanção nenhuma por causa disso. Então para o impeachment, sim, ela foi injustiçada.

CFF - Ela tem responsabilidade com a crise que o país está vivendo, do ponto vista político e econômico?

JA - Do ponto de vista político, essa relação política que se estabeleceu e a perda de espaço que a presidente Dilma teve no congresso nacional, principalmente, na relação política que ela teve com o congresso nacional, foi o que agravou essa questão da crise política e a crise econômica por sua vez; porque quando você causa instabilidade no governo que está ali gerindo, acaba afetando economicamente, porque os níveis de credibilidade acabam sendo afetados. Então, de certa forma, sim, essa crise política afetou a economia e isso eu não tenho dúvida.

CFF – E então, ela tem responsabilidade ou não?

JA - Não diria que seria uma responsabilidade direta. Mas passa a ter responsabilidade no momento em que a condução da vida política do país também está atrelada ao gestor, ao presidente.

CFF - Como a senhora avalia os flagrantes dos áudios que denunciam que o impeachment foi um pretexto para poderem barrar possíveis investigações que fossem na direção do PMDB e do PSDB?

JA - Essas gravações só demonstraram, demonstram e estão demonstrando, todas aquelas conclusões que a gente já tinha antes, principalmente nós dos partidos de esquerda. Que toda o processo de impeachment foi forjado para poder tirar esse poder da mão dos partidos de esquerda.  Isso foi uma demonstração clara, e essas gravações comprovam isso, que foi tudo montado, articulado pra poder o golpe acontecer.

CFF - E a senhora acha que isso vai impactar na opinião pública, a ponto de um re-pensamento do comportamento do povo para com a presidente?

JA - Já está impactando. As últimas pesquisas mostram...

CFF - A ponto de devolver a presidência a ela?

JA - A gente vai lutar por isso, mas, o cenário político no país é um cenário muito difícil. Primeiro porque a classe política ficou em um descrédito muito grande. Não estou falando aqui nos partidos de direita e partidos de esquerda, eu estou falando da classe política como um todo. Esse descrédito no país, hoje, é muito grande.

CFF - Eu falo do ponto de vista interno, do colegiado no Senado. O senador Romário, que votou a favor, já disse que já está repensando o voto dele. Então, voltando à opinião pública, o povo vai, no caso, repensar o comportamento, a ponto de influenciar os políticos? A senhora avalia assim?

JA - Avalio. E avalio que está  sendo repensado e a movimentação política do próprio povo tem sido uma movimentação, inclusive, até de certo ponto de vista, espontâneo, tem sido nesse sentido. Agora, e voltando ao que você falou lá atrás, não sei se isso seria no sentido de devolver esse poder a Dilma, porque a gente sabe também o desgaste que o Partido dos Trabalhadores teve e a própria presidente Dilma nesse processo.

CFF - O melhor para tratar isso, a recuperação da economia, seria o retorno de Dilma, seria a manutenção de Temer ou uma nova eleição?

JA - Eu acredito em uma eleição nova. Eu acho que a melhor forma hoje da gente tratar isso era convocar novas eleições. É minha opinião pessoal, quero deixar isso bem claro. Porque acho que na atual circunstância, eu acho que uma nova eleição seria nosso melhor caminho.

CFF - Plano de Governo: Saúde, Educação, Mobilidade, Infraestrutura e Segurança. A senhora pensa um plano novo ou vai apostar no projeto do governo atual?

JA - Nós estamos trabalhando. Inclusive a gente já tem debatido isso dentro das comunidades em algumas reuniões. A gente já tem reuniões agendadas para poder criar todo o planejamento dessas ações, baseado com alguns estudos que a gente já fez dentro da comunidade, para tornar isso mais concretizado. Levar isso pra dentro das comunidades em forma de debates públicos. Então, a gente vai começar agora de maneira mais concreta pra poder estar debatendo isso com a comunidade. Acho que trabalhar os pilares da gestão pública, principalmente a questão do programa de governo, tem que ser um programa que tenha a participação da comunidade. Eu não posso falar de mobilidade sem ouvir as pessoas e ver o que ela avalia, inclusive do que tem hoje, aí, pra que a gente possa fazer uma transformação. A questão dos pilares de educação, de saúde, de assistência social, de saneamento, enfim, de todas as políticas que a gente precisa trabalhar na gestão da cidade, isso tem que ser discutido com a sociedade. Lógico que a gente não pode perder de vista tudo que já conquistou e o que se tem até aqui, ou, o que se tem se não serve pra que ele seja reconstruído, reconduzido. 

CFF - A senhora foi secretária de Governo até quase nesse instante, e não é a primeira vez, inclusive. Mas, do ponto de vista da gestão e momento atual, a senhora já deveria ter o mapeamento disso. Não tem esse mapeamento?

JA - Tem. A gente tem todo mapeamento disso, inclusive esse mapeamento a gente também não vai desprezar, de jeito nenhum, a gente vai levar pra que possa estar agregando, o que a gente conseguiu avançar desse ponto de vista, pra gente poder construir esse novo plano. Mas a gente sabe que esse programa, ele tem que ser uma construção coletiva. Isso tem sido um debate que a gente tem levado para dentro das comunidades e agora a gente vai de maneira mais assídua e mais concreta tá debatendo isso com a sociedade.

CFF - Quantos partidos e vereadores no apoio?

JA - Nós temos hoje dez partidos na base de apoio, chamada Frente da Renovação, e nós temos seis vereadores apoiando essa proposta na Câmara de Camaçari.

CFF - A senhora está disputando com duas águias da política, conseguirá manter isso até o final?

JA - Pretendemos, estamos trabalhando para essa finalidade. Eu acho que os partidos que estão aí hoje, são partidos que tem uma base de sustentação forte, a gente também tá costurando isso nas outras instâncias, tanto estadual quanto federal. Todas as alianças que foram firmadas, elas foram firmadas também observando essas instâncias; a gente sabe também de algumas movimentações que tem nesses partidos que às vezes pega você de surpresa, mas a gente tá trabalhando nesse sentido, pra consolidação dessa aliança, para que a gente possa, nas convenções, consolidar a chapa e consolidar essa aliança para levar essa eleição até o último momento.

CFF - A senhora viu Dilma pagar um preço caro por não ter articulado bem a Câmara e o Senado. O prefeito da cidade não veio caminhando num sentido diferente do da presidente, com a bancada e com os partidos. Logo, não pensa política como deveria pensar para agora lhe dar um suporte. A senhora terá uma visão diferente da dele, do ponto de vista da relação com o mundo político?

JA - Primeiro que as pessoas costumam me comparar muito a Ademar; eu quero deixar claro que Ademar é Ademar e Jailce é Jailce. Então, assim, do ponto de vista político, a gente tem que ter uma condução diferenciada; precisa ter uma condução diferenciada e essa condução diferenciada, o primeiro prisma disso é o diálogo, tá sempre conversando com esses partidos, com essas lideranças, com esses vereadores para que a gente possa consolidar cada vez mais essa aliança. E isso a gente tem buscado e está buscando, uma busca de todos os dias. O que eu sento hoje pra conversar, o que eu sento hoje pra negociar, amanhã já é pra gente sentar de novo pra tentar estabelecer essa aliança todos os dias.  A movimentação política é por minuto, não é nem por dia, então a gente tá se firmando.  Essa condução política eu tenho, inclusive, liderado pessoalmente. O prefeito, lógico, ele também tem a participação dele, mas, no processo político eu tenho liderado isso pessoalmente.

CFF - Pretende fazer diferente, então...

JA - Com certeza, fazer diferente e com essa aproximação porque eu sei que as consequências disso vai afetar tanto a candidatura, como após a candidatura, no caso de eleição, que a gente vai trabalhar fortemente pra isso, também a questão da governabilidade; que a gente precisa garantir também com essas forças políticas unidas e pactuando com esse novo momento de Camaçari.

CFF - Mágoa do PT?

JA – Sim. Eu nunca fui acolhida pelo partido. Eu me filiei em 2011, sempre atuei no partido, desde 2003, quando vim pra aqui. Trabalhei muito por ele, defendi todas as bandeiras, é um partido que nas construções dos princípios do partido, ele me preenchia de todas as formas. O projeto político do presidente Lula nesse país foi uma das bandeiras que eu defendi, principalmente no Plano de Assistência Social, que a gente sabe os avanços que tivemos nesse sentido e na valorização dessa política no país e, aqui em Camaçari, eu não fui acolhida por esse partido, nunca fui acolhida por esse partido.

CFF - O presidente do partido municipal do PCdoB, disse em alto e bom som, que já lhe “namorava” há três anos, então isso, com o PT, foi a base para que a senhora flertasse com o  PCdoB?

JA - Foi sim. Inclusive, no início de 2013, foi quando Ademar assumiu, eu coloquei pra ele que eu estava saindo do Partido dos Trabalhadores e na época ele me pediu que não, que não era o momento e que ele precisava de mim dentro do partido para a gente poder ajudar na condução do governo.

CFF - A senhora disse que houve temores e ameaças quando anunciou sua candidatura, procede?

JA - Procede. Os temores é de você está se envolvendo numa esfera que você acabou de dizer, que são águias da política, que são pessoas que estão envolvidas na política há muito tempo. E eu estou começando agora, primeira vez que eu estou disputando um cargo eletivo.  As ameaças também, inclusive veladas. Eu não vou dizer pra você que eu tive ameaça frontal, mas ameaças veladas, de pessoas dizerem assim: você sabe onde está se metendo? Sua vida vai virar um inferno! Você tem família, cuidado! Então, ameaças desse tipo eu ouvi. Que não cabe aqui revelar de quem vieram, mas que vieram, vieram.

CFF - Ser mulher será uma vantagem ou desvantagem, considerando a situação da presidente hoje?

JA - Eu acho que ser mulher é ter vantagem em todos os aspectos. Primeiro, porque quando você está com uma proposta de fazer uma política renovada, uma política diferente, uma candidatura feminina no município e a possibilidade de você eleger pela primeira vez uma prefeita desse município, isso traz uma esperança muito grande para a população. E a gente sabe que a mulher tem uma visão também diferenciada do ponto de vista até de condução das coisas, as multifuncionalidades da mulher, a questão da mulher ter foco, ter a coisa mais organizada, isso eu acho que vai ser uma grande vantagem. E a questão da sensibilidade da mãe, do cuidado com as pessoas, do cuidado com a gestão, acho que isso tudo vai ser bem favorável para nossa campanha.

CFF - Previsões de gastos e fonte de renda para a campanha

JA - A gente está em uma campanha que tem muita coisa no escuro, no ponto de vista da legislação eleitoral. A legislação mudou muito, depois dessa mudança, essa eleição é a primeira desse ponto de vista, as fontes de arrecadação hoje, não pode ser as mesmas da eleição passada, inclusive, você não pode receber mais doação de pessoas jurídicas, só pode receber doação de pessoa física. Então, a gente está com isso ainda muito obscuro. Ontem mesmo, a gente teve uma reunião com o jurídico para poder discutir alguns aspectos desse ponto de vista, então, a gente ainda não tem como dizer como é que vai ficar isso, estamos  estudando e estamos vendo como vai ser conduzido, até pra fazer de uma forma bem legal, para que a gente não tenha nenhum problema.

CFF - A senhora era a favor da doação de empresas para campanhas políticas?   

JA - Não. Eu sou a favor que a gente trabalhe para que se tenha um financiamento público de campanha. Porque quando você tem essa vinculação, do ponto de vista econômico, de empresas, depois você fica com o mandato também amarrado porque você fica devendo “favores”. Então eu sou a favor do financiamento público de campanha, e até pra você dar o direito de que as pessoas possam participar de maneira mais igualitária. O processo político nessa forma de financiamento ele é muito injusto, porque aquela pessoa que não tem os seus grandes financiadores, ela fica em desvantagem na campanha, e no financiamento público, não, ele dá essa chance de todos participarem de maneira igual.

CFF - O financiamento empresarial das campanhas eleitorais comprometiam a qualidade do serviço prestado à população?

JA - Lógico que comprometiam, porque o gestor por ter sido financiado, cria alguns laços com alguns empresários que as vezes não seria a melhor pessoa ou a melhor empresa para estar desenvolvendo os serviços públicos. Apesar de que, tem todo um processo burocrático que ele vai ter que cumprir pra ele poder prestar esse serviço. Mas que comprometiam, comprometiam, sim.

CFF - A senhora foi secretária de Governo nas duas últimas distintas gestões, Caetano e, agora, Ademar Delgado, e a arrecadação do município anual é de mais de bilhão de reais, R$ 1.150.000,00, ano. Considera satisfatórios os investimentos feitos na cidade, nos últimos quase quatro anos?

JA - O município teve uma queda de receita muito grande, entre os anos de 2014 e 2015, e isso se acentuou muito. No final de 2014, a gente já tinha um reflexo dessa queda, 2015 se acentuou muito, a gente teve uma queda de arrecadação muito grande. Isso afetou, sim, os investimentos. Tivemos que, no final do ano passado, fazer aquele decreto emergencial, onde tivemos que reduzir os gastos para poder fechar o ano. Esse ano não foi diferente, porque a receita não voltou a crescer, pelo contrário ela voltou a cair, e agente teve que cortar alguns investimentos que estavam previstos, mas, tivemos também a sorte de recentemente poder assinar alguns contratos. Por exemplo, o nosso financiamento com o Desenbahia injeta aqui mais de 27 milhões para fazer algumas obras, isso acabou dando um fôlego ao governo.

CFF - Nos dois primeiros anos, a arrecadação foi “inteira”...

JA - Os dois primeiros anos, a gente teve problemas do ponto de vista político. Aí a gente já leva, não do ponto de vista econômico, mais do ponto de vista político.

CFF - Quais problemas?

JA - A crise que se estabeleceu entre o ex-gestor e o atual gestor, Ademar Delgado.

CFF - O que teria o ex-gestor a ver com a gestão econômica?

JA - Isso impactou na gestão, não estou dizendo que impactou na gestão econômica.  Afetou a gestão, pois de certa forma ela travou. Ademar não conseguiu fazer esse trabalho porque tinha uma força contrária dentro da gestão que acabava puxando pra que ele não pudesse conduzir a gestão, para poder dar os resultados que a população gostaria. 

CFF - De que forma ele faria isso?

JA - A gente sabe que o grupo que veio junto com Ademar era o mesmo grupo do governo passado, inclusive, eu também estava lá.

CFF - Houve um boicote...?

JA - Houve um boicote sistemático dentro do governo de Ademar para que as coisas não acontecessem. O chamado fogo-amigo, a gente sabe que teve. A sociedade de Camaçari sabe que teve. Os gestores que estão dentro do governo também sabem disso. Isso também impediu que o governo pudesse andar e pudesse estar realizando aquilo que o povo merecia e precisava. E nos dois últimos anos ele foi acompanhado por essa crise econômica.

CFF - A senhora teme o desgaste do governo frente ao funcionalismo público?

JA - Os últimos dois meses, a gente teve greve, mais de dois meses, professor e servidor público. Lógico que isso causa um desgaste. A greve é um direito legítimo, que o servidor público exerceu e esse desgaste nesse período foi muito grande, principalmente com relação à educação, as escolas ficaram todas praticamente sem professor; a gente tem que reconhecer isso.

CFF - Então foi isso que levou a senhora a fazer um “turismo” pelas secretárias, por esses dias?

JA - Não. O que me levou a fazer um turismo pelas secretárias esses dias foi, primeiro, pra me despedir de todos que durante 12 anos, são pessoas que conviveram comigo e que de certa forma contribuíram para o nosso trabalho, em cada pasta que eu estava. Era o momento de eu estar me despedindo e agradecendo essas pessoas por esses 12 anos de dedicação; muitos desses servidores já me conhecem desde lá atrás. E também pra gente poder fazer o trabalho do programa Gestão Mulher, que é um programa que foi criado na secretaria de Governo e que está sendo desenvolvido, a partir do mês de março, até o final do ano. Então, foi também um trabalho de estar devolvendo para as pessoas esse abraço, agradecendo essas gestoras que fizeram um trabalho fantástico.

CFF - Vantagens e desvantagens de ser apoiada pelo prefeito Ademar Delgado

JA - A gente sabe que a gente está em um  governo que tem desgaste, em função de tudo isso que já falei, a crise política e a crise econômica, mas Ademar é uma pessoa que eu respeito, uma pessoa que eu sei que ele procurou fazer o melhor, mas, infelizmente, nem tudo que ele sonhou em fazer ele conseguiu fazer. É uma pessoa ética, é uma pessoa honesta. Essa convivência com Ademar demonstrou isso, e eu vi isso. Mas a gente sabe também, que todo esse desgaste político dele, de certa forma, as pessoas me vinculam ao gestor. Parte da população não reconhece ele como um bom gestor por desconhecer, inclusive, esse momento aí, essa conjuntura que o forçou... Então a gente sabe desses desgastes, e eu costumo falar isso e falo na frente dele, eu acho que Ademar foi muito tolerante, Ademar não teve pulso, Ademar não tomou atitudes, ele precisava ter tomado atitudes e ele não tomou e esse desgaste também é fruto dessa falta de atitudes e dessa tolerância. Eu sou Jailce Andrade, eu digo pra ele assim: olha eu já tinha rodado a baiana e virado a mesa muito tempo atrás, até porque pra lhe dar condições de você trabalhar. Eu procuro diferenciar que Ademar é Ademar, Jailce é Jailce, são duas personalidades diferentes, com propostas política, inclusive, diferentes. Ademar tem falado nos discursos dele, que ele não fará sombra, e eu tenho certeza disso, que ele não fará.  Não fará, primeiro, porque em minha personalidade e do jeito que eu conduzo as coisas, não será permitido se fazer sombra, porque eu acho que a partir do momento que você assume um posto de comando, você tem que comandar, então ninguém tem que estar  ali por trás dizendo o que você deve ou não fazer. Então é deixar isso bem claro, Ademar ele foi tolerante e de certa forma até leniente, mas Jailce não é. 

CFF - Há quem diga que, muita gente, vou repetir: muita gente, do primeiro e do segundo escalões do governo, lhe apoiam por conveniência dos cargos, mas que na verdade na hora H, pularão do barco. Isso lhe assusta?

JA - As pessoas que tem firmado esses compromissos com a gente, que está caminhando junto com a gente, tem se mostrado verdadeiras nesse ponto de vista. Eu não acredito nessa possibilidade de que essas pessoas possam cometer essa traição. Eu não acredito nisso. Eu prefiro acreditar que essas pessoas são leais e que estão sendo verdadeiras. Eu prefiro acreditar nisso.

CFF - E elas estariam livres para poder decidir se apoiam A, B ou C, ou há uma imposição do governo para seu apoio?

JA - De jeito nenhum, nunca houve imposição nem da minha parte e nem da parte de Ademar. O que a gente estabeleceu é que em política a gente tem que ter lado, em política você não pode ficar em cima do muro, ou você tá ou você não tá. Esse foi o discurso e isso que foi colocado. Essas pessoas estão com a gente porque ela optaram por estar. Eu acho que no momento que você coloca a sua posição política, principalmente nesses casos que você falou, de primeiro e segundo escalões, são cargos de confiança da gestão; quem tem um lado político tem que tá alinhada a esse lado, isso que foi estabelecido, mas não uma imposição, de jeito nenhum, isso não existiu. 

CFF - Luiz Caetano andou falando que está de braços abertos para o PCdoB. Considera alguma possibilidade de, em não sendo bem pontuada nas pesquisas, lá na frente, fechar alguma aliança?

JA - A gente trabalha com a possiblidade de pontuar bem e ganhar essas eleições, essa é a possibilidade que a gente trabalha hoje. Não trabalhamos com nenhuma possibilidade de firmar qualquer aliança. Então, hoje, o nosso posicionamento é de pontuar cada vez mais e ganhar as eleições.

CFF - Um site publicou uma denúncia contra seu irmão, apontando que a senhora o teria beneficiado em uma licitação que resultou num contrato de administração da UPA da Gleba A. Procede?

JA - Mentira. Não é verdade isso. Meu irmão é um profissional liberal, ele é advogado, ele advoga pra essa empresa, a IGH, há muito tempo, muito antes de eu prestar serviço a Camaçari. Ele advoga pra outras empresas e na época em que a empresa participou da licitação aqui em Camaçari, eu nem era secretária de Governo, eu era sub-controladora. Esse site alega que ele era presidente desse instituto. Ele nunca foi presidente desse instituo, outra mentira, nunca foi presidente desse instituto. 

CFF – Mas ele respondeu a senhora e colocou alguns links apontando uma ata onde o doutor Andrade se tornou diretor meses depois da licitação.

JA - Não. Ele mostra uma ata onde ele se tornou membro do Conselho de Administração. Ele ficou um ano como membro do Conselho de Administração entre janeiro de 2015 e dezembro de 2015, e como membro do conselho, ele presidiu esse Conselho de Administração, que as atribuições são bem limitadas. Então meu irmão não tinha nenhuma influência sobre o instituto. Todas as atribuições de condução da ONG é feito pelo seu presidente, que não é o meu irmão. 

O que mais me deixou chateada, principalmente com o jornalista e o site que fez isso, foi que em momento nenhum ele ligou pra me escutar, ou ele me procurou pra escutar ou pra escutar meu irmão, ele publicou os fatos sem sequer dá o direito a gente de fazer ou contar a história, que é o que conduz o bom jornalismo. Mas todas as medidas judicias já estão sendo tomadas nesse sentido.

CFF - Doutora Jailce Andrade, fale pro povo de Camaçari, porquê ele tem que lhe fazer prefeita da cidade

JA - Porque o povo de Camaçari quer e deseja uma política nova, uma política de renovação, nessa conjuntura política aí, a gente vem com uma proposta de condução diferente, uma proposta onde a gente está levando a sério essa questão de ser uma pessoa de mãos limpas, que pretende ficar de mãos limpas; porque eu acho que a condução da gestão pública tem  que partir desse pressuposto. Isso é uma premissa fundamental, de poder trabalhar por Camaçari, pelo povo de Camaçari, de estar  trabalhando em serviços públicos para que essa população tenha o retorno dos impostos que ela paga, de maneira justa. Ter um serviço público de qualidade e o rompimento de paradigma, pela primeira vez a gente está elegendo uma mulher como prefeita desse município, eu quero escrever meu nome na história, fazer história nesse município. Eu acho que esse também é o nosso desafio.

CFF - O Camaçari Fatos e Fotos deseja a senhora e aos demais candidatos sucesso. E Deus é quem sabe qual deles é o melhor. Que vença o que, de fato, venha a ser o melhor!

JA - Eu acredito muito em Deus também. E me coloco nas mãos d’Ele, pra que Ele diga quem vai será o melhor!

 

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