Ministro de Lula questiona não taxação de rendimentos milionários no Brasil e pressiona Congresso
O ministro Fernando Haddad (PT), da Fazenda, defendeu a taxação dos “super-ricos” na segunda fase da Reforma Tributária, que está prevista para ser avaliada no Congresso Nacional durante o segundo semestre. Para o petista, é urgente que o Brasil debata a inclusão de rendimentos milionários no imposto de renda.
Você acha que um brasileiro, que é rico, que tem um dinheiro de offshore e tem residência no Brasil, não tem que pagar pelo rendimento de um fundo offshore pessoal? Por quê? Qual o sentido de uma pessoa não pagar? Você acha normal? Ele lega as cotas do fundo para os descendentes e não paga imposto de renda nunca!”, apontou Haddad, em entrevista à colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo.
“Estou falando de coisas que chamam a atenção do mundo sobre o Brasil. Como é que um país com tanta desigualdade isenta de imposto de renda o 1% mais rico da população?”, continuou o ministro da Fazenda.
Haddad elogiou a iniciativa do seu governo, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de ampliar a faixa de isenção para quem recebe até dois salários mínimos. Segundo ele, porém, apesar disso, o sistema tributário brasileiro segue injusto, por permitir que quem ganhe milhões de reais siga sem pagar imposto de renda.
“O trabalhador, hoje, está isento, graças ao presidente Lula, até R$ 2.640. Se você ganhar R$ 2.650, você já está pagando imposto de renda. E uma pessoa que ganha R$ 2,640 milhões está isenta de imposto de renda?”, questionou. “Eu ouço falar desde sempre que isso tem que ser enfrentado”, afirmou Haddad.
O responsável pela economia no governo Lula ainda jogou a responsabilidade para os parlamentares brasileiros. Segundo ele, caso o Congresso não aprove a taxação de grandes fortunas na segunda fase da Reforma Tributária, o governo será obrigado a cortar o salário mínimo e o Bolsa Família.
“Eu entendo que o Congresso sabe o seguinte: uma hora é quando você está vivendo um ciclo de bonança, que ninguém olha para isso, porque tem para todo mundo. Agora, não tem para todo mundo. Você tem que saber que a sua omissão diante disso vai significar uma pessoa a mais com fome”, analisou Haddad.
“Nós chegamos em um ponto em que não tem para todo mundo. Nós temos que voltar a crescer e, para voltar a crescer, a gente precisa ter uma sociedade minimamente mais justa. É isso que tem que ser feito. Agora, tem um Congresso Nacional lá. Ele é quem vai dar a última palavra. Não consigo fazer isso por decreto. E nem quero. Quero que a sociedade discuta isso e sopese se é justo ou não ter que cortar o salário mínimo e o Bolsa Família para manter uma isenção que não existe em nenhum outro lugar, a não ser em paraíso fiscal”, concluiu o ministro.
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