No último dia 12 de novembro, por dez minutos, o Facebook matou vários dos seus usuários. Uma falha na programação do site transformou as contas de muitas pessoas, inclusive do fundador da rede social, em memoriais, algo parecido com lápides virtuais.
Quando um perfil é transformado em memorial, a inscrição “em memória de” é acrescentada antes do nome do falecido. Dependendo da privacidade do perfil, os amigos do usuário morto poderão compartilhar e curtir as postagens que o finado deixou na timeline.
Ainda é possível que você deixe sua conta para um “herdeiro”. Tal herdeiro não poderá alterar suas postagens, e nem apagar algo que você tenha postado, mas será possível fixar uma mensagem no alto do perfil e aceitar novas solicitações de amizade. É como se ele fosse um curador do relicário virtual.
Isso me lembra muito Memórias Póstumas de Brás Cubas, mas, aqui, o defunto-autor é substituído pelo defunto-amigo-do-face.
Para selecionar um herdeiro da sua conta do Facebook, basta ir nas suas configurações de segurança e selecionar alguém. A pessoa não será notificada no momento, a não ser que você queira. Aí, quando você falecer, é só qualquer amigo seu informar tal fato ao Facebook e o seu herdeiro receberá uma notificação para assumir o controle de sua lápide virtual.
Se você não quer ter fotos e posts seus surfando pela rede, também há a opção de seu perfil ser deletado permanentemente em caso de falecimento.
Independente da opção que você escolher, isso nos faz refletir muito sobre como as redes sociais estão tomando conta da nossa vida e, agora, até da nossa morte.
Em todo caso, parece-me ser tranquilo que a família do falecido pode interferir em hipóteses de ofensa à honra do finado no Facebook, até porque o Código Civil é claro ao afirmar que o cônjuge sobrevivente ou qualquer parente em linha reta ou colateral até o quarto grau pode reclamar perdas e danos em caso de prejuízos à honra de uma pessoa morta.
Então, para não deixar o seu destino virtual na mão daquele primo distante, recomendo demais você selecionar um herdeiro para o seu perfil e esperar que o pior não aconteça, ou, pelo menos, que aconteça daqui há muito tempo.
Vida longa e próspera!
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