Dupla se passou por aluno, entrou fazendo perguntas e voltou depois
A mulher do lutador e professor de boxe Rodrigo de Sousa dos Santos, 30 anos, que foi baleado dentro da academia dele em Camaçari, presenciou a morte dele. Ela trabalhava com ele na academia e tinha atendido os dois bandidos, que entraram no local por volta das 18h para pedir informações e voltaram depois, começando a atirar logo depois. A dupla chegou e fugiu de carro e está sendo procurada.
"Chegaram se passando por alunos, procurando saber de horários, de categoria, de valores e tal. Após as informações se retiraram, depois retornaram após cinco ou dez minutos entraram no CT (Centro de Treinamento) dizendo que era assalto. Porém até os alunos foram entregar os pertences, mas eles já começaram a atirar", diz o irmão de Rodrigo, que prefere não se identificar. "Foram sem levar nada",
Um vídeo das câmeras de segurança captou o barulho dos tiros, pelo menos oito, e da gritaria que se seguiu. Cinco tiros atingiram Rodrigo, segundo o irmão. Ele ainda foi socorrido ao Hospital Geral de Camaçari, onde teve a morte confirmada.
O irmão diz que Rodrigo não tem desafetos que a família conheça. O boxeador fez postagens na rede social falando sobre um desentendimento que a família não tem detalhes. "Há um tempo atrás ele mesmo postou na rede social dele que tinha recebido uma ligação de um conhecido dele que não concordava com uma postura dele. Que postura esse a gente não sabe. Em cima disso ele fez outra postagem explicando que as opiniões podem ser diferentes, mas devia ser respeitada", diz.
A família está "inconsolável" com a perda, diz o irmão. Rodrigo deixa a esposa e uma filha de sete anos de outro relacionamento. Rodrigo também tinha projetos sociais e era bem visto entre quem o conhecia.
"Graças a Deus, na comunidade ele era benquisto. Era uma pessoa que buscava além da aula particular, sempre tinha projetos para ajudar. Um era voltado para luta, para que os jovens tivessem ocupação, e o mais recente era de alfabetização", conta o irmão.
Ele lembra que Rodrigo começou novo no boxe e depois morou um tempo em Minas Gerais, onde conheceu um mestre que o incentivou a investir também em outras modalidades, como muay thai. "Ele retornou e buscou a graduação, pra dar aula tinha que ser graduado e campeão. Conseguiu ser campeão baiano e por isso pode participar do brasileiro. E depois disso ele começou a dar aulas", conta.
O desejo de ter a própria academia era antigo. Primeiro, ele começou a dar aulas na garagem de uma vizinha, depois na garagem da mãe, que faleceu há alguns anos por conta de um AVC, até por fim, há dois anos, inaugurar a Benção Fight, que fica na Gleba E. "Fico feliz que pelo menos ele viveu esse sonho".
Nas redes sociais, Rodrigo postava muitos sobre religião, política e, naturalmente, luta. Ele celebrou bastante a inauguração da academia e constantemente celebrava a conquista. "Obrigada, Deus, gratidão, mãe, a vitória é nossa", escreveu.
O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal de Salvador e o sepultamento deve acontecer em Camaçari, quando a família conseguir a liberação.
A Polícia Civil informou em nota que a Delegacia de Homicídios de Camaçari vai investigar o caso.
Veja também:
Camaçari - Professor de boxe é morto a tiros enquanto dava aula na própria academia
Clique aqui e siga-nos no Facebook
< Anterior | Próximo > |
---|