O tão falado colapso no transporte público de Camaçari aconteceu. Depois de mais de um ano de reuniões, promessas por parte da Prefeitura, falta de apoio do poder público, preço das passagens defasado e até permissionários vivendo em situação de extrema pobreza, a população ficou efetivamente sem transporte nessa quinta-feira (03).
O estopim da paralisação total da Cooperunião foi a apreensão de dois veículos durante a prestação de serviço - inclusive com passageiros sendo obrigados a descer do ônibus no meio do caminho - realizada pela Superintendência de Trânsito e Transporte (STT), também na quinta-feira.
Nesta sexta-feira (04), após bloquear o trânsito na Via Parafuso, em protesto, cooperativados e permissionários seguiram para o pátio da prefeitura, onde prometem permanecer acampados até serem atendidos pessoalmente pelo prefeito Elinaldo Araújo (DEM).
Entenda o caso
A situação de crise no transporte não é nova e só tem piorado. Desde o início de 2021 líderes das cooperativas e do sindicato da categoria tentam diálogo com a prefeitura. Após vários meses sem receber nenhuma atenção, algumas reuniões foram realizadas - todas sem a presença do prefeito - nas quais foram acordadas estratégias para amenizar o problema, entre elas, a unificação das cooperativas.
Vale lembrar que, antes disso, já via um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) que a prefeitura simplesmente deixou de cumprir.
Enquanto a Cooperunião seguiu buscando diálogo com a prefeitura e apoio para manter o transporte público ativo, a Cooastac, que fazia o transporte de passageiros na sede, e a Cidade Industrial abandonaram as linhas sob sua responsabilidade, obrigando a população a se valer unicamente dos "ligeirinhos" e de aplicativos.
Ilegal
A grande ironia do cenário atual é o motivo da apreensão dos veículos: majoração ilegal do valor das passagens. Alguns permissionários da Coopereunião decidiram, por conta própria, elevar a passagem em R$ 0,90 e a STT atuou rapidamente para coagir e inibir o aumento: de acordo com a legislação vigente, apenas a prefeitura pode definir o valor das passagens.
No entanto, uma das grandes queixas dos cooperados é a atuação livre dos chamados "ligeirinhos", transporte ilegal de passageiros, em veículos particulares, que não obedece nenhuma das normas legais obrigatórias para essa atividade e que, inclusive, cobra "passagens" nos valores que os próprios motoristas definem.
Pois bem: mesmo acontecendo à luz do dia, todos os dias, o dia inteiro, literalmente ao lado de viaturas da STT e ignorando todos os pedidos de ajuda das cooperativas, a Prefeitura nunca demonstrou se incomodar com a ilegalidade, quando se trata dos ligeirinhos. No entanto, na primeira oportunidade, puniu os cooperados.
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