Há um ditado popular que diz que quando lhe pedirem o peixe, dê a vara e ensine a pescar. É o que a prefeitura de São Paulo (SP) está fazendo desde fevereiro deste ano. O governo do município decidiu contratar cerca de 4.500 mães de alunos para trabalhar nas escolas da rede municipal, atuando como auxiliares e fiscais dos cuidados contra covid-19.
Através do programa, apelidado de Mães Guardiãs, o município selecionou mulheres desempregadas há pelo menos 4 meses, com renda inferior a meio salário mínimo e com até 50 anos para exercer uma jornada de trabalho de 30 horas semanais, sendo 6h de curso de qualificação profissional. As mães de alunos matriculados na rede tiverem preferência na seleção.
Inicialmente, o contrato é de seis meses de trabalho e elas recebem R$ 1.155 mensais.
Camaçari mais rica
De acordo com dados do IBGE, Camaçari é mais rica do que São Paulo, proporcionalmente. Enquanto lá o PIB per capita de 2020 fechou em R$ 58.691,90, aqui, foram R$ 81.105,66. Uma diferença de R$ 22.413,76. PIB per capita é a soma dos valores arrecadados pelo município dividido pela quantidade de pessoas que residem nele.
Ainda assim, e a despeito de estar renovando constantemente o estado de emergência, desde o início da pandemia o governo de Camaçari não apresentou nenhum programa real para combater a pobreza, a fome e a desigualdade social ampliadas pela pandemia. O máximo que se noticia são entregas pontuais de cestas básicas e vales merendas. Entregar o peixe, jamais ajudar a pescar.
Ali do lado
Outro exemplo mais próximo foi Salvador. Na capital baiana, a prefeitura ofereceu, durante vários meses, um auxílio emergencial paralelo ao oferecido pelo Governo Federal, no valor de RS 250. Pouco, mas, ainda assim, um programa de combate à fome.
Voltando a falar de dados comparativos entre São Paulo e Camaçari, na cidade sudestina, ainda de acordo com dados do IBGE, foram 1.378.775 de crianças matriculadas na rede pública municipal, no ano passado, enquanto aqui são 36.293.
Com uma renda per capita maior e um número absurdamente menor de estudantes na mesma faixa etária, quem sabe a Prefeitura de Camaçari não resolve se inspirar em São Paulo a apoiar, de maneira efetiva, o desenvolvimento escolar dessas crianças? Afinal de contas, a ciência já comprovou que a qualidade de vida da criança interfere diretamente no aprendizado.
Veja também:
Desigualdade no Brasil foi ampliada com pandemia, aponta relatório da ONU
Desemprego/Fome - "A gente tá vivendo como dá"
Os brasileiros presos por furto de comida na pandemia de covid
Clique aqui e siga-nos no Facebook
< Anterior | Próximo > |
---|