Falta dinheiro para abastecer os carros que ainda estão em condições de rodar e falta mais dinheiro ainda para consertar os mais de 20 veículos parados, a maioria desde o ano passado, quebrados na garagem, se deteriorando cada dia mais - quem tem carro sabe: veículo parado muito tempo é problema.
Em entrevista exclusiva ao Camaçari Fatos e Fotos (CFF), o presidente da Cooperunião, Cleidson Borges, conta como está difícil manter as linhas de transporte que ligam a sede à orla. Tão difícil, que algumas comunidades estão completamente desassistidas.
"Semana passada tivemos uma reunião na comunidade de Mesqueira, com os vereadores Niltinho e Denis. Lá, antes da pandemia, tinha três horários. Até agora não conseguimos reativar essas linhas e a comunidade está sem transporte. Eu conversei com eles, falei tudo, e pedi que eles me ajudem a cobrar do prefeito", relata.
Receita X despesa
De acordo com Borges, Camaçari tem a menor tarifa de passagem entre as cidades da Região Metropolitana de Salvador (RMS) e a menor do país, entre cidades do mesmo porte. A falta de reajuste há cerca de dois anos, somada ao contínuo aumento no preço dos combustíveis e outros insumos e à redução de passageiros, por conta da pandemia, tem resultado em dificuldades para manter o serviço funcionando.
"Tem dia que o permissionário não tem dinheiro na mão para abastecer o carro", revela. "Nós temos 60 veículos; 20 estão parados desde o ano passado, porque quebraram e não tivemos como consertar. Estamos rodando com 40, mas tem dias que falta dinheiro até para o diesel", detalha.
Atualmente, o valor da passagem até Arembepe é R$ 2,90 e até Barra do Pojuca, R$ 5,50. Uma viagem de 70km, desde a saída, no fundo da Feira, até o fim de linha, em Barra do Pojuca. Cada micro ônibus utilizado pela Cooperunião transporta até 49 passageiros.
Calcular o faturamento bruto de uma viagem da linha é tarefa incerta, já que o número de passageiros varia muito. Mas, apenas para título de exemplificação, se o mesmo carro saísse lotado da Feira, deixasse todos os passageiros em Arembepe e seguisse novamente lotado até Barra do Pojuca, o valor total arrecadado na viagem seria R$ 411,70.
Depois da queda, o coice
É uma frase dita pelos mais velhos, que indica a ocorrência de algo pior, depois que a situação já está ruim. Define bem a vida dos permissionários da Cooperunião, nos últimos dois meses. Se, como relata o presidente da cooperativa, a arrecadação financeira já estava baixa, assaltos contínuos aos veículos da linha ajudaram a piorar o cenário.
"Os bandidos pegavam o carro ali no Assaí e davam voz de assalto nas proximidades do túnel [da Cascalheira]. Estava acontecendo direto", informa Borges.
Socorro enviado
Felizmente, a questão dos assaltos foi resolvida após o Cooperunião enviar ao 12º Batalhão de Polícia Militar (12BPM) de Camaçari um pedido de socorro, protocolado através de ofício entregue em 30 de abril.
"Eu quero até aproveitar para agradecer ao comandante, que nos atendeu de imediato. Eles fizeram algumas abordagens e depois disso os assaltos pararam", parabeniza Cleidson, fazendo questão de valorizar o trabalho da PM, na pessoa do tenente-coronel André Luís Cunha Campos.
Socorro negado
Infelizmente, o prefeito de Camaçari, Elinaldo Araújo (DEM) não tem demonstrado o mesmo nível de interesse em apoiar o transporte público realizado pelos cooperados. Há cerca de um mês, no dia 11 de maio, Borges levou até a prefeitura um ofício, relatando as dificuldades vividas pelos permissionários. Até o momento, foi solenemente ignorado.
"Salvador [a prefeitura de] comprou R$ 5 milhões em passagens para ajudar o setor de transporte. Alagoinhas comprou cartões com 30 passagens e distribuiu para pessoas cadastradas no Bolsa Família. Em Camaçari, nada foi feito e o prefeito se recusa até a conversar com a gente", critica Borges, relembrando que, durante a campanha eleitoral - quando ele precisava de votos e apoio - o prefeito sentou para dialogar com as cooperativas.
STT
No ano passado, relata o presidente, os permissionários receberam ajuda da Superintendência de Trânsito e Transporte (STT). "Coroel Castro conseguiu para nós uma cesta básica de R$ 45, durante dois meses. Foi uma ajuda muito importante, mas depois acabou e até hoje tem cooperado que me pergunta quando vai ter de novo", conta, revelando, ao mesmo tempo, a tentativa de apoio por parte do presidente da STT e a dificuldade vivenciada pelos cooperados.
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