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Gerente bancário teria proibido a entrada de Crispim na agência (Foto: Reprodução/Redes Sociais)Gerente bancário teria proibido a entrada de Crispim na agência (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

A Justiça baiana decidiu manter a absolvição do gerente da Caixa Econômica João Paulo Vieira Ribeiro, acusado de praticar racismo contra o empresário Crispim Terral dentro de uma agência bancária, em Salvador.

O caso aconteceu em 2019 e veio à tona após Crispim publicar a denúncia nas redes sociais. Ele divulgou um vídeo onde mostrou o momento em que levou um "mata-leão" de um policial militar, supostamente, a pedido do gerente.

Paulo Vieira já tinha sido absolvido no dia 11 de setembro de 2023, quando aconteceu o primeiro julgamento. A defesa de Crispim, no entanto, recorreu e o caso foi para segunda instância, que foi julgado nesta terça-feira, 9, na 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA), no CAB, em Salvador.

Para Crispim, a decisão foi uma injustiça. "Eu senti na pele o racismo e agora, mais uma vez, me sinto injustiçado. Foi colocado como uma atitude normal, não consideraram tudo que aconteceu e o que eu passei. Mas eu não vou desistir. A minha esperança não morre e estou aqui para lutar até o último dia da minha vida, até porque não é um caso isolado e único. Existem milhões de 'Crispim Terral'. Somos 84% da população baiana. Então não vou baixar a guarda e vamos continuar lutando", disse o empresário em entrevista ao Portal A TARDE.

O caso agora será levado para a 3ª instância, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), segundo explicou o advogado de defesa, Marinho Soares. "Vou recorrer mais uma vez. Ele tinha sido absolvido pelo juiz ano passado, recorri e hoje os desembargadores mantiveram a decisão anterior, que foi a absolvição dele. Foi uma absurdo essa decisão. Os desembargadores alegaram que ele [o gerente] não usou o termo preto', sendo que meu cliente é negro e, ao vê-lo, Paulo disse que o Crispim não entraria na agência. A atitude dele mostra muito bem que tudo aconteceu por causa da cor da pele. Por isso, vamos continuar correndo atrás até que a justiça realmente seja feita". disse.

Além do gerente da Caixa Econômica, o policial militar que aplicou o mata-leão também foi denunciado. No entanto, o agente não chegou a ser julgado e a denúncia prescreveu. Na época, a PM informou que "os policiais precisaram usar força porque o cliente se exaltou e disse que não sairia da agência sem ter a demanda atendida, contrariando a recomendação dos policiais".

O portal A TARDE entrou em contato com a Caixa Econômica Federal para comentar a decisão judicial, mas, até a publicação da matéria, não houve retorno.

Em 2019, a instituição chegou a afastar o gerente após a repercussão do caso. A reportagem também questionou se ele continua afastado e aguarda resposta.

Relembre

O caso aconteceu no dia 19 de fevereiro de 2019 na agência da Caixa Econômica Federal do Relógio de São Pedro, localizada na Avenida Sete de Setembro, no bairro Dois de Julho.

Crispim usou as redes sociais para contar que ele tinha ido à agência solicitar um comprovante de pagamento de dois cheques pagos pela Caixa.

Terral relatou que o gerente do banco o deixou esperando por mais de quatro horas. "Fui surpreendido mais uma vez pelo senhor Mauro, gerente responsável pela minha conta naquele momento, que me atendeu de forma indiferente enquanto me deixou esperando na sua mesa por quatro horas e quarenta e sete minutos e foi atender outras pessoas em outra mesa", disse na publicação.

Ainda segundo a denúncia, Crispim informa que foi para a mesa de outro gerente, que teria chamado a guarnição da polícia. Quando os policiais avisaram que ambos teriam que se dirigir à delegacia, foi exigido que Terral fosse algemado. No vídeo, gravado pela filha mais nova de Crispim, é possível ver um policial imobilizando-o.

Em nota, a Polícia Militar da Bahia (PMBA) informou que policiais abordaram Terral e solicitaram que ele acompanhasse a equipe, após se recusar a deixar a agência depois do término do expediente.

Ainda segundo a PMBA, a guarnição precisou "empregar a força proporcional para fazer cumprir a ordem legal exarada" através de uma "condução técnica dos policiais militares na ação". Crispim Terral foi conduzido para a Central de Flagrantes, onde foi autuado por desobediência e resistência.

No dia seguinte, ele prestou uma queixa contra os PMs na Corregedoria e deu início ao processo de denúncia contra o gerente da Caixa. Ainda em 2019, o um documento d e representação foi entregue ao Ministério Público da Bahia e o órgão denunciou o gerente por racismo.

De lá para cá, familiares, amigos e pessoas ligadas ao movimento negro fizeram protestos contra a ação.

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