Pesquisadores e infectologistas fazem coro por uso disciplinado do acessório
Se é para sair, tem de ser com máscara. A baiana Sindelia Viana não abriu mão do acessório de proteção durante toda a pandemia. "Em nenhum momento parei de usar, sempre fiz questão de ter a máscara no rosto. Nunca saí sem", conta a aposentada, que usa o item pela própria segurança e também pela mãe de 100 anos que mora com ela.
O cuidado de Sindelia, de acordo com médicos infectologistas e pesquisadores da covid-19, precisa ser uma prática generalizada no estado. Isso porque, em 20 dias do mês de novembro, a Bahia registrou mais casos (6.241) do que em todo mês de outubro (5.927). O novo cenário de crescimento do coronavírus, a partir de novas subvariantes, deve se manter e preocupa os especialistas.
Médica infectologista e pesquisadora do Instituto Fiocruz [Fundação Osvaldo Cruz], Fernanda Grassi afirma que não é possível ainda saber qual o volume dessa nova onda ascendente de casos. Porém, alerta que a linhagem da Ômicron - variante do Sars-CoV-2, o vírus original da covid – atualmente em circulação tem 'escapes' das vacinas aplicadas nos baianos.
"Estamos, sem dúvidas, em um estado de aceleração da contaminação pelo vírus. Inclusive, com uma nova variante que tem um certo escape das vacinas que utilizamos aqui. A máscara é uma barreira física eficaz para impedir a contaminação. Então, esse é o momento de usar", afirma a médica, ressaltando que não se sabe o que pode ocorrer no Verão.
O médico e neurocientista Miguel Nicolelis, ex-integrante do Consórcio Nordeste, é mais incisivo. Para ele, além de ter o uso recomendado, as máscaras deveriam ser alvo de decretos que voltem a obriga-las entre a população.
"O uso da máscara já deveria ser obrigatório. Novamente, estamos correndo atrás do prejuízo e não prevenindo. Há uma explosão de casos, mesmo com a subnotificação. A nova variante da ômicron é extremamente transmissível e estamos aprendendo o que ela pode fazer".
Verão protegido
A advogada Raquel Khouri, 28, está atenta. Ela conta que sempre usou a máscara de forma disciplinada em lugares fechados e agora, até mesmo nos abertos, só abre mão da máscara se estiver acompanhada de uma única pessoa. Até nas aulas de capoeira, que exigem muita da respiração, ela não abre mão do acessório.
"Voltei a fazer capoeira depois da quarta dose. Lá, ninguém usa máscara. Voltei sem, mas assim que os casos subiram, botei novamente. Uso a cirúrgica, mas só porque a PFF2 é impossível para respirar fazendo atividade física".
Essa postura é recomendada, inclusive, para quem não quer abrir mão das viagens e passeios que se aproximam com o Verão. Naiá Ortelan, pesquisadora e epidemiologista do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos Para Saúde (Cidacs) na Bahia, destaca que a máscara é “uma das medidas mais efetivas junto ao distanciamento social. Foi o que conseguiu proteger muita gente. Nesse momento que as vacinas não estão sendo tão efetivas contra as variantes, são as máscaras que têm capacidade de nos proteger". Ela recomenda o uso, principalmente, em aglomerações, seja em espaços fechados ou abertos.
Máscara é necessária em viagens e passeios
Miguel Nicolelis alerta que vai haver um fluxo de gente [turistas] chegando à Bahia e ao Brasil sem nenhum teste, sendo que existem variantes no mundo que não chegaram aqui ainda. Por isso, há um problema imediato e até de longo prazo.
"No início de 2021, vimos uma onda de casos da ômicron após as festas do fim do ano. Essa variante não é leve. E, além desse risco imediato, não usar máscara é se expor também ao risco de problemas crônicos que podem permanecer após uma reinfecção por covid-19".
Qual máscara usar?
Com o passar do tempo, a vacinação e a queda dos indicadores da pandemia, Sindelia Viana tinha começado a fazer uso das máscaras cirúrgicas na rua, quando saia. Agora, além de limitar a saída de casa, voltou ao costume de usar apenas o modelo N95.
"Uma amiga minha é biomédica e mora fora. Ela me indicou porque essa tem uma alta eficácia. Por isso, seja branca ou preta, não abro mão dela neste período em que os casos voltaram a crescer. Nem a cirúrgica vai ter vez", afirma ela.
As máscaras N95, que são padronizadas no Brasil pela sigla PFF2, são as mais recomendadas pelos especialistas na proteção contra a covid-19. Elas têm capacidade de evitar o contato com gotículas, tosse e espirros, além dos aerossóis. A eficácia está acima dos 95%.
"As máscaras PFF2 e N95 têm a maior eficácia. A cirúrgica é ótima, mas tem um tempo de uso menor. As outras duas, se cuidarmos direitinho, podem ser usadas até por uma semana. Se a pessoa puder, porque é mais cara e fica difícil para quem não pode pagar", indica a infectologista Fernanda Grassi.
A pesquisadora Naiá Ortelan acrescenta ainda que pode haver um rodízio de máscaras, caso a pessoa tenha mais de uma em casa. Isso mantém a proteção em alta e prolonga a capacidade de proteção do acessório.
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